As chuvas de verão assinalam o período mais propício para o aumento dos casos de leptospirose, doença infecciosa transmitida pelo contato com água suja com urina de animais, principalmente de ratos infectados. A contaminação pode acontecer em qualquer época do ano, no entanto, as chances de contágio são muito maiores quando nos deparamos com inundações e lama.
O infectologista Rafael Affini Martins, (foto), pede cuidado com a leptospirose lembrando que épocas de chuva quando é comum o acúmulo de água, aliado a urina de animais, não apenas do rato, mas também de boi, cabra, cachorro, capivara, cavalo e porco, além de lixo, independentemente da área ser urbanizada ou não, nem precisa enchente para aumentar o risco de contaminação.
“As condições sanitárias fazem toda a diferença mas, mesmo com a área urbanizada, na água acumulada as condições são propícias à presença da bactéria Leptospira. E, se a pessoa em contato com esse meio tiver algum ferimento na região atingida pelas águas a bactéria penetra com mais facilidade no organismo” explica o infectologista ressaltando que: “uma das preocupações que precisamos ter quando nos deparamos com um paciente suspeito de estar contaminado é o diagnóstico precoce. Mas isso não basta, temos que pensar nas complicações, uma vez que a doença pode variar desde quadros leves a formas graves como insuficiência renal, icterícia e hemorragias, ou seja, não basta pensar na doença, mas também nas complicações e ter acesso às terapias” explica o especialista lembrando que a gravidade da doença aumenta com relação às pessoas imunossuprimidas (pessoas com sistema imunológico comprometido são mais vulneráveis a infecções).
Sintomas – Dr. Rafael Affini relaciona os principais sintomas da leptospirose na fase precoce: febre, dor de cabeça, dor muscular principalmente nas panturrilhas, falta de apetite, náuseas e vômitos. Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse. Na fase posterior ou grave: icterícia, insuficiência renal e hemorragias, síndrome de hemorragia pulmonar e sangramento, comprometimento pulmonar (tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica) e síndrome da angustia respiratória aguda (SARA), além de manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central.
“Não há vacina contra a leptospirose que embora seja uma doença potencialmente grave cujas consequências podem levar à morte, tem tratamento e seus danos podem ser reversíveis desde que diagnosticada e tratada precocemente” ressalta o especialista.
Prevenção – Evitar exposição nesse tipo de água, e o controle de roedores são as principais formas de evitar o risco de leptospirose. Para isso, é preciso que o ambiente seja mantido limpo: lixo doméstico deve ser ensacado e colocado fora de casa, no alto, pouco antes de o caminhão da coleta de lixo passar; buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser fechados, manter limpos quintais, terrenos baldios, ruas e córregos, evitando entulhos e objetos inúteis; à noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados. Os alimentos devem ser bem armazenados; terrenos baldios devem ser limpos, murados e sem lixo; manter a caixa d’água limpa e bem tampada; não entrar em ambientes de lama ou em locais de criação de animais sem proteção adequada, como luvas e bota. E lembre-se, o uso de raticidas deve ser feito por técnicos devidamente capacitados