Emoção foi a tônica na abertura do II Workshop de Hepatites Virais da Beneficência Portuguesa, realizado na quarta-feira (27), no salão nobre da instituição e na sequência, especialistas falaram sobre tratamentos, transplantes e novos medicamentos que trazem a esperança de que em uma década, a cura para a doença seja uma realidade.
Emoção – A mesa de abertura do evento formada por Ademir Pestana, presidente da Beneficência; secretário de Saúde de Santos, Marcos Calvo; diretor técnico do Hospital Guilherme Álvaro, Dr. Ricardo Leite Hayden, que representou a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo; e Jeová Pessin Fragoso, presidente do Grupo Esperança, ONG de referência nacional no trabalho de prevenção às hepatites virais, deu o tom do Workshop: emoção.
Jeová Pessin que recentemente (13 de julho) passou por um transplante de fígado, falou sobre a necessidade da união de esforços para que a Baixada Santista tenha em futuro próximo, uma unidade de transplante de fígado e que se tenha mais estrutura para que portadores da doença não precisem ir à Capital Paulista quando acometidos de maiores complicações. Emocionado, agradeceu por estar de volta à vida.
Os demais integrantes da mesa, inclusive o presidente Ademir Pestana, falaram sobre a importância da realização desse tipo de evento (workshop) que funciona como incentivo ao enfrentamento à doença. Ele ressaltou a união de esforços como ponto de partida para que a Baixada atraia mais atenções dos governos estadual e federal no sentido de melhorar as ações na área da Saúde, o que contemplaria não apenas portadores de hepatites, mas também de diversos outros males.
A Semana de Prevenção de Hepatites Virais acontece em Santos em cumprimento a lei municipal nº 1990/2001 de autoria do vereador Ademir Pestana. A iniciativa que entrou no calendário oficial do município visa, principalmente, chamar a atenção da população quanto a necessidade de prevenção.
Esperança – Os palestrantes Evaldo Stanislau que falou sobre “Novas drogas para Hepatite C- Eficácia e Expectativas de Acesso” se mostrou otimista com a evolução dos medicamentos, explicando que pela eficácia apresentada pelas novas drogas, como Sofosbuvir, Simeprevir e Daclatasvir e outras, tudo muda na vida dos pacientes.
“Com essas novas drogas, tudo muda com relação aos tratamentos. Saímos das drogas com muitos efeitos colaterais e com longo tempo de medicação. As novas drogas têm efeitos colaterais baixos, alto índice de sucesso, redução do tempo de tratamento, agora 8 semanas e uso oral. Diante desse avanço, acredito que em 10 anos a cura da hepatite C esteja ao nosso alcance. Essa é a meta”.
Dificuldades – Segundo o infectologista Marcos Caseiro que falou sobre “Dificuldades no tratamento devido as reações adversas dos medicamentos”, um dos grandes inimigos dos pacientes é a reação aos medicamentos. “As drogas ainda em uso provocam efeitos colaterais muito fortes, um deles, a depressão. O tratamento é delicado e provoca reações adversas interferindo no dia a dia das pessoas. O desconforto provocado pelas drogas injetáveis é muito grande”, disse o infectologista lembrando que o tratamento varia de acordo com o local em que se vive para justificar as diferentes formas de tratar a doença de acordo com o país e/ou região.
Caseiro chamou atenção para a necessidade de os governos (municipal, estadual e federal) trabalharem em conjunto para a evolução dos tratamentos e da erradicação desta e de outras doenças e concluiu citando um poema (Política literária) de Carlos Drumond de Andrade:
Transplantes – “Em que momento do agravo passa a ser indicado o transplante hepático como única terapia”, foi o tema da última palestra do evento, ministrada pelo hepatologista Rogério Camargo Pinheiro Alves.
Segundo o médico que integra equipes de transplantes de fígado em centros transplantadores da capital paulista e que atende também na Beneficência Portuguesa, o maior problema está concentrado na desproporção entre doadores e necessitados de transplante.
“Existe uma fila de espera e quem nela está não pensa noutra coisa a não ser no dia em que será chamado. E isso não é fácil, porque o número de doadores é infinitamente menor que o de pacientes na fila. Por esta razão, a chance de morrer na fila de espera, infelizmente é uma realidade. A grande burocracia em torno do assunto está baseada exatamente nessa desproporcionalidade. Além disso, para o transplante há um processo minucioso a ser seguido, pois nem todo paciente pode passar pelo procedimento e aí entra a parte mais difícil: quem está apto ao processo; decidir por este ou aquele. Para isso existe além da comissão multidisciplinar, um comitê também formado por médicos que não conhecem o paciente. Analisa a necessidade do transplante pelo histórico, urgência, etc… Definido o paciente, fica a espera pelo doador”. O médico deixou claro que a indicação para transplante é sempre técnica.
Ao final das palestras foi realizado painel de discussão com os participantes fazendo perguntas aos palestrantes sobre Hepatite C, seguido da entrega de certificados e um brunch servido no terraço principal da Beneficência Portuguesa.
Testes – Dentro da programação de aniversário de 155 anos da Beneficência Portuguesa, comemorado no último dia 21, serão realizados nesta quinta (28) e sexta-feira (29), testes rápidos de triagem para Hepatite C, das 8h às 16h, no ambulatório da instituição, com entrada pela Rua Monsenhor Paula Rodrigues, 200, Vila Belmiro. Destinado ao público em geral, basta ter mais de 12 anos (menor de 18 deve estar acompanhado dos pais ou responsáveis) e não precisa estar em jejum. O teste é indolor, uma picadinha no dedo e pronto. O resultado é entregue na sequência. Caso apresente resultado positivo, haverá encaminhamento para tratamento (gratuito) médico.
(Fotos: Divulgação/SPB)