Apesar da pandemia da covid-19 a vida continua e como o tempo não para, na Beneficência Portuguesa de Santos, as atividades paralelas ao atendimento médico hospitalar também seguem seu curso a exemplo da parte cultural que integra o calendário da Instituição.
Assim, nesta quinta-feira (17) tem início a Semana Martins em homenagem ao médico, poeta e escritor santista José Martins Fontes, que na Beneficência exerceu a Medicina, enaltecendo-a com sua capacidade profissional, dedicação ao próximo, além de seu carinho demonstrado em verso e prosa deixando para a imortalidade, sua marca facilmente identificada nos seus escritos, verdadeiras declarações de amor à vida.
O “Café Poético com Martins Fontes” com a participação de poetas, declamadores e admiradores do homenageado acontece anualmente no Hospital em comemoração à Semana Martins Fontes e pela segunda vez consecutiva não se realizará com o burburinho dos aplausos, dos cumprimentos, da emoção do reencontro de amigos e especialmente de suas poesias. Mas, o Café Poético que tem por objetivo a preservação da memória e passar às novas gerações, o trabalho do médico, escritor e poeta José Martins Fontes, não deixará de acontecer e está aberto a todos. Basta querer. Veja como participar:
O isolamento social é uma das medidas de contenção da disseminação da covid-19, então façamos a nossa parte. Não se agaste. Tome um cafezinho e acompanhe diariamente nas redes sociais da Beneficência Portuguesa de Santos, um pouco sobre o médico e poeta na visão de alguns de seus admiradores.
Humanização – Para Ademir Pestana, presidente da Beneficência Portuguesa a importância do médico e poeta para o hospital é tamanha que diz “Se poeta fosse e por mais letras que conhecesse, não teria como dimensionar a transcendência do Dr. Martins Fontes, não apenas para este hospital que considerava sua segunda casa, mas para a Cidade de Santos e para o Brasil. Afinal, ele que é considerado o melhor poeta de sua geração na lusofonia, e um dos dez melhores na língua portuguesa, dignificou não só a profissão, mas a cultura e mais, aqui, neste hospital, bem como na Santa Casa, materializou a humanização no tratamento médico hospitalar”
Segundo Ademir, quando fala em empatia, lhe vem à mente a figura do poeta Martins Fontes: “Como médico consagrado não apenas pelos pacientes, mas por colegas, Martins Fontes tinha condições para ocupar cargos representativos da classe médica. Sua capacidade de aglutinação e convencimento era incontestável, mas preferiu continuar usando a sua fé e se manter ao lado dos mais humildes, assistindo-os no atendimento gratuito, inclusive com a aquisição de medicamentos e sua poesia como profilaxia para desanuviar mentes e amainar corações”.
José Martins Fontes nasceu em 23 de junho de 1884 e faleceu em 25 de junho de 1937. O velório realizado na Beneficência Portuguesa de onde o cortejo seguiu para o Cemitério do Paquetá atraiu uma multidão que chorou sua morte.
Em 2019, no Salão Nobre da Beneficência, em meio ao cenário que reproduzia um canto da enorme sala (construída na edícula de sua casa na Rua Joaquim Távora, 268), que Martins Fontes chamava de “Capela” pois era onde se recolhia para estudar e escrever suas poesias até alta madrugada, Ademir Pestana declamou o poema:
Honra!
Honra à Beneficência Portuguesa,
Filha dos filhos de Brás Cubas! Grande
Mas sem que a força alguma se lhe abrande
A paixão da bondade e da beleza
Glória! Se no planeta, em cada lande
Uma lâmpada brilha, sempre acessa,
É para demonstrar pela clareza,
Com que esplendência Portugal se expande!
Simboliza uma, apenas, como exemplo,
Entre as cem mil do fabuloso altar,
Esta que, em Santos, a fulgir, contemplo!
Maternal, milagrosa, modelar,
Herdeira-Irmã, da Santa Casa!
“Templo do amor Humano! Porta aberta ao mar!”