Quando a conheceu, por ela se apaixonou e em segredo lhe disse baixinho, mas com todo o vigor: “quero lhe conhecer e aqui crescer e fazer carreira”. Estamos falando do jovem Jheme Quelvin Cardoso Pereira, do Arquivo Geral da Beneficência Portuguesa.
Ele é mais um apaixonado por essa jovem senhora de 160 anos, a Sociedade Portuguesa de Beneficência, mantenedora dos Hospitais Santo Antônio e Santa Clara. Ele a conheceu através do Camps – Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social em 2018, quando era aprendiz.
Em janeiro de 2019, foi contratado e nos primeiros dias começou a trabalhar no projeto voltado para o arquivo geral que conhecera quando aprendiz e ali ensaiou os primeiros passos para a padronização desse importante setor. O sistema desenvolvido que permite consulta digitalizada e impressa, hoje adotado na Beneficência continua em desenvolvimento, pois o objetivo de Jheme e dos colegas de setor é deixar o arquivo o mais funcional possível.
Organizar um arquivo não é tarefa das mais simples, principalmente quando se trata do acervo de uma empresa de grande porte, em especial um hospital, cuja gestão documental é estabelecida por lei. Jheme encarou o desafio e o departamento já está funcionando com os arquivos seguindo uma padronização para facilitar as buscas, e a equipe tem ideias para facilitar mais ainda as pesquisas, bem como a ampliação do espaço, contribuindo inclusive, para facilitar a instalação e desenvolvimento de futuros projetos da Diretoria do hospital, voltados para leitura e pesquisa.
“Foco no trabalho e esqueço o estresse”
Apesar de muito jovem, Jheme conhece o estresse bem antes da pandemia da covid-19, embora não o identificasse como tal. Quando ainda aprendiz ficava sempre tenso ao pensar no final do estágio. Afinal estava passando à fase adulta e precisava pensar no futuro imediato que, obrigatoriamente, exigia um emprego para custeio de despesas e ajuda em casa, sem perder de vista os estudos, pois entende que a formação profissional é uma necessidade.
Pensar nas suas prioridades lhe tirava o sono. Com a contratação por parte da Beneficência serenou um pouco e sua prioridade passou a ser o trabalho. E tudo estava acontecendo como planejado. Integrando a equipe do Arquivo, onde a solicitação maior recai sobre os prontuários que de acordo com a Legislação ficam guardados por 20 anos, Jheme lembra que no setor também existem fotos, história do hospital e muito ainda deve ser encontrado sobre a cidade e região (material em fase de organização).
Chegou o mês de março passado, e o jovem começou a perceber que uma nova nomenclatura se tornava comum: covid-19. Logo em seguida mudança total. Ele e os colegas passaram a trabalhar paramentados diferentemente da forma como se vestiam antes ou seja, com outro tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPIs): máscaras, óculos de proteção ou protetor facial (face shild), luvas, avental ou macacão descartável (impermeável preferencialmente), touca, além de uso constante de álcool gel. E o novo normal passou a ser uma nova precaução padrão. Tudo muito rigoroso. Era a pandemia da covid-19 exigindo de todos, mudança de hábitos e comportamento visando diminuir a disseminação da doença.
“Aí eu soube o que era estresse. Uma preocupação muito além da expectativa pelo futuro, mas o medo do agora. Afinal, trabalhando em um hospital não tem como não se preocupar com a pandemia, muito embora eu só pense nela quando encerra o expediente. Ao sair da Beneficência a gente mergulha noutro mundo. Fora do hospital a realidade se altera porque no caminho para casa as medidas de proteção não existem, por isso não arrisco.
Se antes da pandemia já era caseiro, agora mais ainda e sigo uma rotina rígida de medidas de prevenção, mesmo nos fins de semana. Tratei de promover rápido a adaptação às novas orientações como medidas de segurança para mim e meus familiares, porque me preocupo com eles, bem como com os colegas de trabalho. Quando chego em casa, limpeza total, desde cloro no tapete a troca de roupa. Tenho muito medo de levar a doença para casa.
No trabalho quando alguém entra na sala precisa estar devidamente paramentado. Constantemente limpo a maçaneta das portas bem como superfícies com álcool gel que fica disponível o tempo inteiro para todos.
Estresse? Nessa pandemia, quem não tem. Mas gosto demais do que faço e consigo me organizar, bem como me adaptar ao novo normal. Manter o foco pensando nos próximos passos com relação ao trabalho de forma que consiga otimizar o setor cada vez mais, me faz esquecer da pandemia, até porque, quando era aprendiz eu dizia para mim mesmo, como uma promessa: “vou fazer de tudo para trabalhar aqui”. Consegui, por isso, Xô estresse!!!
Jheme que pretende cursar Administração de Empresas, tem aproveitado o tempo em casa para a realização de cursos online e assistido algumas séries na TV.
2 Comments
Futuro da empresa, sem dúvidas!
Um exemplo a ser seguido, grande futuro pela frente.