De repente, ela percebeu que tudo estava mudando à sua volta. Ao final do expediente e ia direto para casa preocupada em encontrar os pais, saber se eles estavam bem, se durante o período em que estava no trabalho, eles sentiram falta de alguma coisa. À medida que o tempo ia passando, Ana Cláudia Barboza Sampaio, auxiliar administrativa, atualmente no Departamento de Enfermagemda Beneficência Portuguesa,se dava conta que a doença infecciosa que estava tomando conta do mundo começa afetar a sua vida e ela, normalmente acelerada, segundo suas palavras, estava ficando cada vez mais estressada.
Trabalhando em um hospital, não tinha como não ficar apreensiva com as informações sobre a covid-19. Ana Cláudia sempre teve dificuldade para desestressar, aliás, nunca pensou muito nisso, até que que descobriu o gosto pela estética e partiu para a realização de cursos. Se descobriu esteticista e percebeu o quanto essa atividade a deixa tranquila. Os cursos se sucederam e já formada, passou a preencher seu tempo de folga, atuando na promoção da autoestima das pessoas. Antes da pandemia se desestressava aplicando tratamentos estéticos. Mas com o advento da covid-19, essa atividade foi suspensa e seu nível de estresse obrigou-a a se reinventar.
“Emponderar as pessoas me relaxa”
Ela tomou conhecimento daquela doença desconhecida surgida na China, mas não se preocupou, afinal era algo muito distante do Brasil, até que nos primeiros dias de fevereiro, as notícias recebidas da irmã que reside na Itália, davam conta do temor que a nova doença infeciosa estava causando, inclusive com mortes que não paravam de acontecer. Não tardou e o Brasil também foi atingido pela pandemia e sua terapia antiestresse foi interrompida e agora?
“Tomando conhecimento da pandemia não me preocupei muito porque confio muito na proteção de Deus, mas preservei meus pais, ambos com cerca de 80 anos e somente eu saia de casa, para o trabalho e para as compras, sempre observando as medidas recomendadas, até porque no hospital foram implantados rígidos protocolos. Familiares foram contaminados, alguns internados, mas todos recuperados e as visitas aos parentes foram suspensas.
Não podia preencher minhas horas vagas trabalhando com estética, então descobri como terminamos acumulando coisas e resolvi bancar a personal organizer. Comprei caixas organizadoras, divisórias e tudo o mais necessário para deixar o ambiente mais clean e com isso me senti mais leve. Incentivei meus pais que como a maioria dos idosos são um tanto quanto acumuladores e como estavam meses sem sair de casa e sem algo novo para fazer, adoraram. Além de se manterem ocupados estão atentos à possibilidade de promover doações com coisas em bom estado para serem utilizadas por quem precisa.
Com a flexibilização devido a redução dos casos de covid na cidade de Santos, aos poucos, meus fins de semana voltaram a ser preenchidos com a minha terapia antiestresse. Voltei a praticar a estética e atender as pessoas preocupadas com seu bem estar, por que a preocupação com a beleza está longe de ser supérfluo. Posso garantir que não tem técnica melhor para desestressar, mesmo quando o nível de tensão é alto devido aos limites imposto pela pandemia, que ajudar a elevar a autoestima das pessoas”.
Sentir que o bem estar a partir dos métodos como estética facial, corporal e capilar influencia na saúde mental e física das pessoas, fez com que Ana Cláudia, há 10 anos na Beneficência Portuguesa, adotasse a atividade como uma terapia, que aliada à sua nova prática organizadora, segundo ela “é o melhor remédio para se livrar do estresse”.