De acordo com manuais, quando um violonista resolve aprender cavaquinho, com certeza ele terá facilidade em fazer ritmos com palheta e quando dominar a afinação padrão do cavaco, e naturalmente, as técnicas, levadas e linguagem, e conseguir tirar músicas de vários ritmos, está quase pronto para tocar esse instrumento de origem portuguesa, faltando apenas aprender os acordes. Oi? Origem portuguesa?
Sim. O cavaquinho ou cavaco, a alma do chorinho, que junto ao violão e a flauta forma um trio imbatível é originário da região do Minho ao norte de Portugal. Esse instrumento de 4 cordas, também está no samba, do terreiro aos desfiles das agremiações, muitas vezes sendo o único instrumento harmônico.
Para muitos, o cavaquinho é mais que um instrumento sintônico, é um verdadeiro antiestresses. E entre os que pensam dessa forma, está o Matheus de Souza Assunção Costa, líder de Equipe da Oncologia Clínica da Beneficência Portuguesa.
“Domingando com o cavaquinho”
Matheus Assunção ou Matheus do Cavaco, que no próximo dia 21, quando a Beneficência Portuguesa completa 161 anos de fundação, comemora 10 anos de trabalho na Instituição, onde começou como patrulheiro (aprendiz), faz do seu cavaquinho um antídoto contra o estresse que devido a covid-19 se tornou companheiro, mesmo que indesejável, da grande maioria, especialmente de quem trabalha em hospital, independentemente da função.
“Estamos vivendo um período muito estressante e na Oncologia, como é natural, a grande preocupação de quem trabalha no setor é redobrar a atenção para com os pacientes por que independentemente da pandemia, a neoplasia continua presente e o tratamento não pode ser interrompido. Muitos pacientes veem em nós funcionários, um amigo, um ponto de apoio e com a avalanche de informações sobre a covid-19, a situação não é diferente. Por isso temos que redobrar os cuidados no atendimento, na orientação sobre higienização, medidas preventivas e principalmente sobre a não interrupção dos tratamentos, seja na Quimioterapia ou na Radioterapia realizados no hospital.
No início da pandemia foi muito, muito estressante porque alguns pacientes tinham medo de vir ao hospital para sequência do tratamento, mesmo sabendo que atendimento à pacientes com, ou suspeitos de covid-19 é totalmente isolado dos demais setores. Aos poucos, com muita perseverança por parte dos médicos e funcionários da Oncologia, entenderam a importância de não faltarem às sessões de químio e de radioterapia na luta pelo êxito no tratamento.
O exemplo de alguns pacientes foi incentivo para que outros não interrompessem o tratamento e me emociona lembrar de um que, infectado pelo novo coronavírus, teve que suspender o tratamento radioterápico. Internado por 17 dias, depois, cumpriu quarentena de 14 dias e ao ser liberado voltou às sessões de radioterapia e ao final do tratamento, feliz e com a esperança de um futuro melhor, tocou o Sino da Vitória (simboliza o encerramento do tratamento contra o câncer e a superação deste ciclo). Sua obstinação arrebatou a todos os presentes na sala e foi entusiasticamente aplaudido de pé por outros pacientes, acompanhantes, funcionários e médicos.”
Ainda emocionado, Matheus que desde pequeno gosta de uma batucada e de instrumentos de corda e de percussão, do pandeiro à bateria, aliás, tocou batera em uma banda e em um grupo de pagode (sua paixão), conta que tocar cavaquinho é, e sempre foi sua forma de desestressar.
“Não pude continuar tocando com o grupo por que não conseguiu conciliar a atividade com o trabalho e este último, falou mais alto. O amor pelo Cavaquinho começou a partir das aulas de violão na Igreja e hoje, tocar esse instrumento tem sido uma ponte para desestressar. Aos domingos, entro no meu quarto, pego o Cavaco e esqueço que existe estresse”.
Para reforçar a dose da sua poção musical para desestressar, Matheus já está se programando para o curso de teclado e enquanto isso não acontece vai “Domingando” (música de Tiaguinho, sua favorita) ao toque do cavaquinho em cuja afinação em ré-si-sol-ré cantarola Xô estresse!!!
2 Comments
Parabéns Matheus.
A música está no seu rosto.
É isso mesmo…. Temos sempre que ter algo para tornar nossos dias mais leves…menos stressantes…..