Há 157 anos, numa tarde friorenta de agosto, a principal área residencial da cidade de Santos, o atual Valongo, no Centro Histórico, estava agitada diante do convite via circular assinada pelos portugueses José de Souza Ayram Martins e Joaquim José da Costa e Silva para uma reunião às 17h, na residência do primeiro, à Rua Direita*, 20. Era o dia 21 de agosto de 1859 e o objetivo da reunião era a fundação da Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Naquela data realizava-se a assembleia de criação da instituição. Duas outras foram ainda realizadas no mês seguinte (setembro), nos dias 2 e 16, para a concretização da intenção daqueles portugueses em dar amparo aos patrícios desvalidos de condições financeiras, pois muitos viviam em condições de indigência tal as adversidades que encontravam ao chegar ao Porto de Santos, sem parentes à procurar, e principalmente sem dinheiro para a sobrevivência.Em menos de um mês de fundação, a entidade, ainda sem nome oficial já contava com 98 sócios. Na terceira assembleia realizada (16 de setembro de 1859) foi eleita a primeira diretoria e na ocasião, data do aniversário do jovem Rei de Portugal D. Pedro V** , nascido em 16 de setembro de 1837, a assembleia provou o nome oficial da recém inaugurada entidade. Chamar-se-ia Sociedade Portuguesa de Beneficência D. Pedro V. Na ocasião, José de Souza Ayram Martins, eleito secretário da diretoria, assinalava uma observação no texto dos Estatutos Sociais: “A Sociedade não poderá usar esse título enquanto não vir a Real autorização de Sua Magestade”.
Dois anos depois (1861), morria o Rei D. Pedro V, chamado de Sua Magestade Fidelíssima ou Rei Magnânimo, sem que a entidade fosse autorizada a usar seu nome, passando a denominar-se apenas com o nome Sociedade Portuguesa de Beneficência, nome dado, então, a todas as instituições do gênero no País.
*Rua Direita, atual Rua XV de Novembro – Centro Histórico de Santos
** Rei D. Pedro V: trigésimo Rei de Portugal. Assumiu o trono em 1853, com a morte de sua mãe D. Maria II, Rainha de Portugal e Algarves. Devido a menoridade, D. Pedro V (tinha apenas 16 anos), seu pai, D. Fernando II, na qualidade de regente governa em seu lugar. Ao completar 18 anos, Pedro é aclamado rei e se torna, apesar da pouca idade e de inúmeras dificuldades que o País enfrentava, o monarca que modernizou Portugal. Era chamado de o “Esperançoso”, “O Bem-Amado” ou “O Muito Amado”. Reinou apenas 8 anos, tendo morrido aos 24, mas foi o suficiente para ser hoje considerado um grande rei. Tranquilo, culto, estudioso, curioso, observador, visionário, sério e humano, D. Pedro V conseguiu contornar épocas marcadas pela corrupção de vários políticos e pelas guerras civis. Implementou várias reformas no país e teve o grande mérito de aproximar o reino ao povo.
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