Santos, uma das maiores colônias portuguesas do Brasil, há seis anos, por iniciativa da Sociedade Portuguesa de Beneficência mantenedora dos hospitais Santo Antônio e Santa Clara, uma casa de origem portuguesa com certeza, celebra a Revolução dos Cravos, levante militar e popular que ocorreu em 25 de abril de 1974 em Portugal, encerrando a ditadura salazarista que dominou o país por 48 anos.
E na noite do último 25 de abril, a Diretoria da Beneficência, sob a presidência de Ademir Pestana, reuniu mais uma vez, um grande número de convidados.
Refletir e manter, foram os verbos dominantes na celebração para reverberar não apenas e tão somente a Democracia Portuguesa, mas as democracias mundo afora.
Como escreveu Ademir Pestana em artigo publicado naquela data no Jornal A Tribuna, “Neste momento em que a Europa passa por um processo de direitização é mais que necessário atenção e zelo pela Democracia. Assim, o 25 de Abril que nos remete à Revolução dos Cravos que implantou o regime democrático em Portugal é de extrema importância para se refletir as liberdades humanas no decorrer da história”.
Na cerimônia que contou com presenças ilustres, entre elas o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Cesário e a secretária-adjunta da pasta, Carolina Araújo, o Cônsul Geral Adjunto de Portugal em São Paulo, Dr. Jorge Longa Marques e o Vice-presidente Internacional da Federação Internacional Elos da Comunidade Portuguesa, Dr. Sidney Cardoso da França, a emoção foi a tônica da noite, especialmente diante das narrativas dos oradores, cuja maioria viveu a ditadura portuguesa e o desabrochar da democracia a partir desta Revolução.
Os oradores: Flávio Viegas Amoreira, escritor, historiador e poeta, fez uma análise conjuntural da prosperidade e maturidade democrática portuguesa; José Augusto do Rosário, gestor do Escritório Consular de Portugal em Santos relembrou a tenra infância e as inquietações familiares provocadas pelas guerras coloniais, uma das causas da Revolução; José Duarte de Almeida Alves, presidente do Centro Cultural Português/Santos e Conselheiro das Comunidades Portuguesas, emocionado narrou sua trajetória assustadora e inesquecível e sua involuntária participação nas guerras coloniais, onde matar ou morrer eram as únicas opções de jovens militares como ele.
Impossível não se emocionar com a poeta portuguesa Tereza Teixeira que em forma de poema homenageou as mulheres portuguesas que, como ela viveram as agruras da ditadura salazarista. Tereza, não olvidou dos ensinamentos do pai, que militar, partiu para Angola, mas antes, incutiu-lhe na cabeça a ideia de que a mulher tem que ser independente do homem e de amarras. No poema criado por ela, pouco antes do evento na Beneficência, destaque para Celeste Caeiro que sem imaginar, deu nome à revolução mais emblemática da história mundial: “…os cravos da Celeste chegaram/ e a alegria redobrou/ de ver nascer dias sem sangue nos porões da ditadura/ pelas mãos de uma simples mulher/ o gesto poético de um cravo a decorar uma carabina/ emocionou o mundo dos homens… “
Dr. José Cesário destacou que “Uma Revolução se constrói em cima dos três Ds: desenvolver, democratizar e descolonizar. Esse é o trinômio de uma Revolução bem sucedida e Portugal entendeu isso”. Pouco antes do evento, Dr. Cesário concordava com o presidente da Beneficência, Ademir Pestana que a democracia não basta ser instalada é preciso ser mantida e para isso é necessária a participação de todos.
Música – A parte musical esteve a cargo do Coral do Centro Cultural Português sob a regência do Maestro Mário Tirolli que fez acelerar os corações ao cantarem o hino da Revolução “Grândola Vila Morena” de José (Zeca) Afonso. A música proibida pela ditadura foi a última senha para as ações
dos revoltosos em prol da democracia na madrugada daquele 25 de abril de 1974 em Portugal; da cantora Erika Novaes, presença e voz belíssimas, arrepiou a plateia ao interpretar a alma portuguesa através do fado, canto doce, por vezes triste esboçando o sentimento amor; e por fim o Rancho Folclórico Verde Gaio, do CC Português com seu canto e dança contagiantes fez a plateia dançar e deu passagem ao presidente Ademir Pestana para o encerramento e convite para a já tradicional degustação do “Patê 25 de Abril em 3 Tempos”, iguaria criada pelo Chefe de Cozinha do Hospital, José Nascimento em homenagem à Revolução dos Cravos, também conhecida como Revolução de Abril e Dia da Liberdade.
Presentes – Entre mais de uma centena, lá estavam a Capitão Tenente Raissa R. Sanches representando a Capitania dos Portos de São Paulo, os presidentes da Associação Paulista de Medicina-Santos e da Unimed, respectivamente Drs. Joaquim Ferreira Leal e Claudino Guerra, Sra Tais Curi, presidente da Academia Santista de Letras; Prof. Paulo Moretti, Reitor da Faculdade de Medicina de Santos – Fundação Lusíada, presidentes dos Institutos Históricos e Geográficos de Santos e São Vicente, Sérgio Willians e Paulo Eduardo Costa, e outros representantes de entidades culturais, bem como de clubes de servir e entidades da comunidade portuguesa, como Elos Clubes da região, Casa da Madeira Grupo Folclórico Cruz de Malta, médicos, conselheiros e demais diretores do Hospital: Renato Rodrigues Novaes, Maria de Lourdes dos Santos, Carlos Alberto Limas, Rivaldo Rodrigues Novaes Jr. e o diretor técnico Mario Cardoso.