Há exatos dois anos, o mundo vive a pandemia da covid-19, uma realidade que alterou a vida da humanidade afetando todas as áreas, especialmente a da Saúde, exigindo de seus envolvidos, do administrador aos colaboradores de todos os setores, mudança de paradigmas. Desde então os desafios na Saúde se intensificaram.
Foi em 11 de março de 2020, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia da covid-19, provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. A doença virótica que teve os primeiros casos na China, como num rastro de pólvora, se espalhou rapidamente pelo mundo causando até o início de dezembro passado, segundo o órgão internacional, de 6 a 8 milhões de mortes.
A verdade é que antes de ser declarada pandemia, a covid-19 já fazia vítimas e desestabilizava mundo afora. Assim, após esse longo período de convívio, já dispusemos de informações suficientes, não para bani-la porque o SARS-Cov-2 continua sendo um vírus novo se desdobrando em variantes, mas para entendermos que ela veio para ficar até que a imunidade, que só acontecerá através da vacina, atinja a toda coletividade. E como isso não é uma realidade próxima, muito pelo contrário, é recomendável que utilizemos as experiências vividas, assimilando as lições que a pandemia tem nos obrigado a aprender para vivermos com parcimônia, o momento que se apresenta com o arrefecimento da doença, o que não significa que a covid-19 está deixando de existir.
Ao completar dois anos de pandemia, através da variante Ômicron, a covid-19 mostra que precisamos aprender a conviver com ela por muito mais tempo, o que significa continuar praticando medidas de prevenção, independentemente de as autoridades anunciarem a flexibilização do uso de máscara. Pelo que observamos, ainda não é hora de baixar a guarda, porque o que pode decretar o controle da covid-19, impedindo-a de desenvolver novas cepas é a vacinação em massa.
E isso não é uma realidade tão próxima assim, infelizmente, e por mais otimista que sejamos, apesar de todo estudo e trabalho dos cientistas em torno da doença, ainda não temos um medicamento eficaz para combater o mal, fator que aliado à não cobertura vacinal universal, pode nos levar a mais uma doença sazonal, a exemplo do que ocorreu com outros vírus, como apontam vários estudiosos. Não podemos esquecer que a sazonalidade dos vírus provém de uma combinação de situações que envolvem temperatura e umidade, lembrando ainda que as constantes alterações climáticas é outro facilitador.
Queremos acreditar que a gravidade da covid-19 está diminuído, mas o acompanhamento da evolução da doença por mais de dois anos (antes de declarada pandêmica já acompanhávamos sua escalada e o exaustivo combate através do trabalho médico e de outros profissionais da Saúde na Beneficência Portuguesa, onde de forma precoce, foram desenvolvidos e adotados protocolos de segurança) nos aconselha à precaução, razão pela qual, mesmo tendo constatado no hospital, até o término desse precaução. Por esta razão, mesmo constatando que ao concluir esse artigo, a Beneficência Portuguesa há setenta e duas horas ( três dias) sem registro de paciente com covid ou com suspeita da doença, não desativamos a estrutura física e profissional montada desde o final de 2019, sendo que um mês antes de decretada a pandemia, ou seja, em 11 de fevereiro de 2020, já estava em uso no hospital, os primeiros protocolos de segurança para evitar a disseminação da doença.
Se as probabilidades futuras, projetadas por estudiosos de que a covid-19 se torne uma gripe, à medida que as populações desenvolvam imunidade se concretizarão, não temos como saber. Por isso, com base no passado recente de que a pandemia de uma doença nova é uma guerra declarada pelo inimigo desconhecido e impiedoso, encaramos a redução da gravidade da doença, apenas como um hiato na árdua tarefa de profissionais da Saúde, especialmente daqueles que trabalharam à exaustão (muitos adoeceram e outros tantos perderam a vida) para salvar vidas.
Sendo assim, vamos nos manter em alerta e com a doença ainda em curso, redobremos a prevenção para que a imunidade mundial seja alcançada através da vacinação (não importa quantas doses sejam necessárias), mesmo sabendo que essa medida pode não ser suficiente para colocar um fim na covid-19, mesmo que ela se torne uma doença sazonal, uma gripe, esse parece ser o futuro que começamos a viver agora.