Um dos grandes passatempos dos anos sessenta (década – 1960) eram as fotonovelas (novelas em quadrinhos que utilizam fotografias em vez de desenhos, contando, sequencialmente, uma história, normalmente de amor. Entre os galãs da época, atores que se tornaram ícones da TV brasileira, como Francisco Cuoco e Tarcísio Meira. Até Sílvio Santos contracenando e beijando a cantora Vanderléia fazia parte desse universo adquirido nas bancas de jornais).
E foi desse mundo fictício, cheio de heroínas e princesas que a mãe da protagonista do Xô estresse !!! de hoje, tirou seu nome: Kátia Margareth Rodrigues, uma princesinha de olhos azuis que veio ao mundo contrariando o médico, mas confirmando a sabedoria de sua avó materna. Enquanto o primeiro dizia que sua mãe não estava grávida, a avó materna que deu a luz a doze filhos, afirmava o contrário e poucos meses depois nascia em Santos, aquele bebê, mistura de nordestinos por parte de mãe e caiçaras por parte de pai, bisneta de portugueses, com nome inspirado numa das fotonovelas preferidas de sua mãe, sobre uma tal princesa chamada Kátia Margareth.
Colaboradora da Beneficência Portuguesa desde outubro de 2005, atualmente no Setor de Contas Médicas, Kátia Margareth, ou simplesmente Katita para os colegas de trabalho, é sinônimo de ternura, de ombro amigo, representante típica das pessoas graduadas pela Universidade da Vida. Da infância, guarda lembranças que pontuaram sua formação “Meus pais viveram suas dificuldades na vida, porém meus momentos foram e continuam sendo mais felizes que tristes. Lembro deles cantando a luz do candeeiro. Meu pai tocando violão, minha mãe cantando, às vezes no quintal ao luar com a fogueira acesa, meus tios em volta, todos cantando ou contando histórias de assombração”.
Com o pai (já falecido) aprendeu sobre e como sobreviver momentos difíceis, e se necessário, explorando a natureza sem danificá-la, como por exemplo, conhecer as plantas, beber água nas folhas e como se proteger dos animais. Com a mãe, hoje com 83 anos, o amor pela leitura. Ele, um contador de histórias de saci, mula sem cabeça, mãe d’água, também de príncipes e princesas, deixava Katita fascinada. A mãe que sempre leu muito, inspirou-a e incentivou seu amor por diferentes gêneros de leitura.
Essa mescla de ensinamento em meio a uma família numerosa, cheia de tios e primos, Katita, sobrinha e irmã mais experiente devido ao nascedouro, viveu o infortúnio de perdas de parentes próximos, mas, como ela diz “A vida segue e eu caminho como meu pai ensinou, porque preciso ser forte, choro levanto a cabeça e sigo em frente, afinal tenho uma família para cuidar”.
“Meu terço vence o estresse”
Ao lado da mãe, do único irmão e dos filhos deste, do aconchego de outros parentes, apesar do conforto das orações e da fé inabalável no Criador, Kátia Margareth não passa incólume ao grande estresse provocado pela pandemia da covid-19 que também atingiu sua família.
Ela que entrou na Beneficência no mês de festas dedicadas a São Judas Tadeu, diz que o santo a encaminhou ao hospital, após um longo tempo de desemprego e muitas orações de sua parte e da comunidade que participa. Ao ser contratada pagou a promessa feita ao Santo com flores vermelhas e renovou a fé no poder da oração que ativa diariamente com a reza de seu inseparável terço.
“Nestes tempos de Covid em que passamos pelo medo e a insegurança, o que me fez seguir em frente foi a fé. A maneira como controlo a tensão e digo Xô estresse!!! é dedilhando o meu terço, algumas pessoas não entendem e perguntam: você faz uma reza repetitiva para uma mulher?”
E ela responde:
“Não e sim, eu elevo o meu pensamento ao céu e rezo à Maria e a Jesus meu amigo. Recorro a Virgem Maria nos momentos difíceis como o que vivemos. Rezo por minha família, pela minha proteção, pelos amigos e pela humanidade. A cada conta do terço eu medito e me acalmo e assim meu estresse vai embora. Perdi primos e amigos para a Covid. Não foi fácil. Mas a vida segue e sou muito grata a Deus por me permitir seguir. Por isso rezo e agradeço. Sigo tirando fotos do mar que amo e me faz bem e canto porque apesar das dificuldades sou uma pessoa cheia de esperança.
E na Beneficência que faz parte da minha vida, na Capela Santo Antônio, me ajoelho, às vezes para chorar, outras para rezar e cantar louvando a Deus porque lhe sou grata por tudo. Estresso…choro…rezo…canto… e digo com toda firmeza: Xô estresse, você não pode com o meu terço”.
Essa é a forma que Kátia Margareth, a Katita encontrou para se acalmar, confirmando que cantar e fotografar desestressa, mas nada como o dedilhar de um terço enquanto ora, ritual de concentração e louvor que faz parte, desde priscas eras, do rico patrimônio espiritual da Igreja Católica.
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Esta foi uma das histórias reais mais prazerosas de escrever. Princesa Kátia Margareth, muito obrigado pela oportunidade