O protagonista do Xô estresse!!! de hoje (30 de junho de 2021), quando adolescente foi guitarrista solo de uma banda de rock, o Grupo Skala 90, mas não fazia qualquer tipo de associação entre a música, fosse tocada/cantada por ele ou por qualquer outro instrumentista ou cantor, a qualquer terapia, até porque àquela época não se dava conta do poder da música, e nem sabia o que era estresse. Passado pouco mais de seis décadas daquela explosão musical da juventude, o protagonista de hoje, que há muito trocou a guitarra pelo violão e após, este último instrumento pelo pensamento “depois vou tocar”, se deu conta que soltar a voz o desestressa.
Engenheiro Florestal, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico em Eletrotécnica e atualmente cursando Engenharia Clínica, ele é carioca da gema, mas já se tornou santista de todos os canais, afinal aos 10 anos, primeiro de uma prole de sete irmãos, se mudou para Santos junto com a família e aqui, há 42 anos começou sua própria família ao se casar com Débora, com quem tem duas filhas.
Quem é o cantor?
Essa foi muito fácil. Claro, é o engenheiro Luiz Eduardo Torquato, responsável pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da Beneficência Portuguesa. Ele que constantemente faz uso da frase “Autoconfiança, inimiga da segurança”, que inclusive foi tema de uma de suas palestras, entende que, por mais que se policie, é muito difícil não ficar estressado em meio a uma pandemia tão cruel e fatídica quanto a da covid-19 que o mundo está vivendo.
“Soltar a voz”
Para Torquato, a Beneficência Portuguesa é uma empresa diferenciada pela qual nutre um carinho muito grande e por ela tem um cuidado maior ainda …
“Afinal é um hospital e tem função social, portanto de extrema importância que funcione, sempre, da melhor e mais segura maneira possível. E os funcionários têm a exata noção da função que exercem e demonstram identificação para com a instituição razão pela qual o senso de responsabilidade é muito grande por parte de todos, ou pelo menos pela esmagadora maioria. Posso dizer que todos trabalham pelo bem comum. A Beneficência é diferente de uma empresa normal, é geradora de um carinho acolhedor e a maioria tem consciência disso. Mas, o estresse acontece em qualquer local de trabalho e com a pandemia, acredito que até aquelas pessoas conhecidas pela calma tiveram sua tranquilidade alterada.
Difícil alguém falar que não estressa com a pandemia, uns mais, outros menos, mas não há como não ser impactado pela avalanche de informações, de situações adversas decorrentes da covid-19. Só não foi impactado quem vive fora da realidade ou é um ser diferenciado que conseguiu um equilíbrio físico e emocional do qual estou longe”.
Atualmente trabalhando em home office, mesmo longe do hospital, Torquato diz que a mudança de ambiente não o ajudou a desestressar porque sua atenção continua voltada para o trabalho “… por mais identificação com os colegas de trabalho, especialmente os do SESMT, é diferente você não estar presente no local, acompanhando a rotina. É diferente ver com os olhos dos outros por mais confiança que tenha. A preocupação não é apenas com o ambiente de trabalho e com os colegas, mas também com os familiares, pois ainda nos preocupa a exposição dos colaboradores no dia a dia das atividades e a orientação é não relaxar”.
O pessoal do SESMT é afinado, o uso de máscara é básico, embora estejamos vacinados não estamos incólumes ao poder do vírus. A vacina nos protege, mas não nos coloca a salvo da covid. Ai, quando encerro meu horário regular de trabalho eu canto para não pensar, até porque a imagem do dia a dia na Beneficência não sai da minha cabeça”
Ele conta o segredo e não sabemos como a sua esposa Débora encara a rotina, porque o desestresse do Torquato é diário.
“Desestresso cantando. Canto de tudo, de Luiz Gonzaga a Beatles. O segredo: um aplicativo chamado StarMaker (um aplicativo de karaokê para celulares Android e iPhone (iOS), que funciona como uma rede social de música). Nos finais de tarde livres aproveito para soltar a voz. Canto no escritório de casa para não perturbar, porque sei que cantando todos os dias termino incomodando e minha esposa não merece isso. Quando ela sai para buscar uma das filhas no trabalho, solto a voz. Coloco as músicas gravadas no face, onde, já tenho cerca de 354 músicas. Perco a noção do tempo e com isso acabo com o estresse”.
Não perguntamos ao Torquato, mas acreditamos que ao se trancar no escritório e soltar a voz, só se dá conta do tempo quando um “toc…toc…” insistente seguido de um “já estamos em casa” se faz ouvir à porta.
E o violão que substituiu a guitarra tocada na banda de rock no final da década de sessenta? Ele confidenciou que está guardado, com certeza desafinado, mas vai resgatá-lo. É possível que após a necessária afinação inclua-o nas suas tardes de cantoria. Se cuida Débora!