Criado no cabo da enxada, mãos calejadas
Mente aguçada e responsabilidade dobrada
Cuidar dos irmãos pequenos, da roça, da boiada
Adolesceu manejando ferramentas, outros ofícios
Aprendeu ouvindo especialistas, homem se fez
Na cidade grande a Beneficência conheceu…
Com esse cordel improvisado na forma de sextilha tentaremos a apresentação do protagonista do Xô estresse!!! do primeiro dia deste mês de festas juninas tão populares na região Nordeste do País.
Desde cedo trabalhava na roça, plantava temperos, mandioca, feijão, cana etc… cuidava dos animais. Como era o mais velho de 8 irmãos, antes da lida no roçado, cuidava dos menores enquanto os pais madrugavam na roça. Ainda menino, as mãos começaram a calejar pelo cabo da enxada.
Veio para o Guarujá em novembro de 1979 para trabalhar, ficando na casa de parentes. Primeiro emprego na construtora dos sócios Paulo Roberto Pires e Carlos Alberto Amado Costa que na década seguinte seriam eleitos presidentes da Beneficência Portuguesa, instituição da qual o protagonista nunca ouvira falar. Começou a trabalhar como ajudante e logo passou a meio oficial de carpinteiro
Oito anos depois, a convite do então presidente da Beneficência, época em que estava sendo iniciada a fundação do futuro Hospital Santa Clara, aquele paraibano arretado era admitido como carpinteiro na entidade. Pouco tempo depois, com a saída do então mestre de obra, assumiu a função de encarregado de obra e foi misturando/alternando a manutenção do Hospital Santo Antônio com a obra do Santa Clara.
Adivinharam quem é o protagonista?
Natural da Paraíba, ele veio lá do município Brejo de Areia (hoje, apenas Areia) no Sertão do Bruxaxá, numa alusão à Tribo Bruxaxá, da Nação Cariri, entre João Pessoa e Campina Grande.
Nunca se avexa, mas fica com a gota (nervoso) quando vê uma peba (coisa mal feita) na sua área de trabalho. Agora ficou fácil identificar de quem estamos falando… ele mesmo, o José Antônio Santos, o conhecidíssimo Zé da Manutenção, para quem “A Beneficência é tudo de bom. Foi aqui que conheci minha esposa, com quem divido a vida há 29 anos. Quando a conheci trabalhava no Residencial do Hospital e aqui se aposentou como Técnica de Enfermagem. A vida nos brindou com um filho, hoje com 28 anos e tudo começou aqui”.
“Pagar as contas me desestressa”
Desde os anos oitenta, Zé vem acompanhando o crescimento e as transformações físicas da Beneficência, da antiga psiquiatria às modernas instalações de centros cirúrgicos, alas de internação, UTIs e diferentes unidades adequadas à instalação de equipamentos de ponta. Apesar da intensa atividade, Zé que ora está na obra de expansão de uma área, ora na reforma de uma sala na Administração e quase ao mesmo tempo no Serviço de Luto, noutra extremidade da quadra onde se localiza a Beneficência não se avexa ou estressa.
Mas chegou a pandemia da covid-19 e o cordel (continua improvisado) dá a dica de como o Zé desestressa
Seu moço, nada tenho de valia para ser roubado
O único valor que tenho é minha palavra
E essa mantenho em qualquer tempo
E não é esse flagelo que vai me fazer mudar
Porque fico aliviado quando no tempo certo
Minhas contas posso pagar
“No início apenas ouvia falar sobre a covid e a primeira impressão é que ela chegou aqui alterando tudo e as medidas de segurança no hospital foram se tornando mais severas. Ai, comecei a me preocupar e pensei: agora essa doença está perto e me dei conta que a coisa ficou feia e todo o cuidado era e continua sendo pouco, pois o maior medo era e ainda é, levar a doença para casa e contaminar meus familiares. Graças a Deus nenhum de nós foi contaminado. Chego em casa e a primeira coisa que faço é me despir da roupa com a qual trabalhei o dia inteiro, e isso é parte do meu desestresse que começa a caminho de casa. Mas você quer saber, o meu desestresse verdadeiro é pagar minhas contas. Posso estar preocupado com alguma coisa, mas liquidar as contas do mês me deixa leve e até esqueço da danada da covid. Pagar conta é o melhor desestresse.
Felicidade – “Quer saber a medida do meu nível de felicidade? Quando por alguma razão sou chamado no meio da noite, da madrugada, não importa o horário para ver, conferir algum problema seja em um equipamento, uma instalação. Nunca deixei um chamado sem atendimento, saio de casa com a maior boa vontade e quando se trata da Radioterapia (todos dizem que o setor é a menina dos olhos dele), meu coração bate forte, mas chegando lá e resolvendo junto com os colegas o que antes era um problema, por menor que fosse, volto para casa satisfeito, feliz porque contribui para que os pacientes não ficassem sem atendimento. É uma satisfação que não sei explicar, mas sinto uma felicidade muito grande, mesmo que não saiba demonstrar.O serviço na Beneficência não me estressa, mas se alguma situação provoca uma irritação, saio do foco e em casa tenho o sossego necessário. Ao me despir da roupa de trabalho, já desestressei porque esse processo começa no caminho para casa e quando chego, relax total” confessa o colaborador que diz que a Beneficência é uma escola com muitos professores, porque nela aprende sobre tudo.
1 Comment
Exemplo de vida , de dedicação , de compreensão , honestidade e muito amor!
Parabéns , Zé ! Que Deus esteja sempre com vc!