No mês em que comemora 21 anos de trabalho na Beneficência Portuguesa, ela dá o ar da graça no “Xô estresse!!!” e com o alto astral que lhe é peculiar diz que apesar do momento difícil pelo qual estamos passando devido a pandemia da covid-19 – “…acho que todo mundo, né? Não, não, acho que tem gente que não está nem aí para a gravidade dessa doença…” pergunta e ao mesmo tempo responde, a participante de hoje (31 de março), desse projeto que tem por objetivo mostrar como os colaboradores da Beneficência desestressam em meio às inúmeras preocupações e aos cuidados que o momento requer.
Estamos falando da maqueira Glaucia Meira de Brito Dias, paraibana arretada, para quem o dia deveria ter muito mais que 24 horas, para que pudesse fazer tudo a que se propõe e ainda sobrasse, pelo menos um tempinho para dormir.
Glaucia é aquela pessoa que parece ligada no 220 (whats), constantemente vista pelos corredores dos hospitais Santo Antônio e Santa Clara conduzindo pacientes em maca ou em cadeira de rodas, para os leitos, centros cirúrgicos e diferentes unidades para a realização de exames e à porta de saída quando estão de alta médica.
Sempre com um sorriso no rosto e uma palavra de conforto para o paciente que está conduzindo, Glaucia tem claro que ser maqueiro(a) é muito mais que transportar um paciente de um setor para outro. E está certa, afinal seu trabalho é muito importante para o bom fluxo de uma unidade de saúde, especialmente de um hospital.
“O aceno de um paciente desestressa”
Ela nasceu na cidade de Livramento, pertinho de Campina Grande lá na Paraíba e num dia que não lembra qual, ainda adolescente, em companhia da mãe, chegou em Santos para passar três meses na casa de um dos 13 irmãos.
“Vim do mato para conhecer a cidade grande e me apaixonei por tudo que em Santos encontrei. Minha mãe voltou e eu fiquei” diz ela. Casada, dois filhos, um netinho e uma disposição imensa para o trabalho, adora o que faz, pela oportunidade de conhecer e conviver com pessoas tão diferentes, mas que para ela são todas iguais. Não importa quem são e de onde vêm, todas no seu dia a dia de trabalho cruzam seu caminho por razões idênticas.
“Todas vêm ao hospital em busca de atendimento e eu as trato da mesma forma porque acredito que nesse momento precisam de uma palavra de conforto, de ânimo” revela Glaucia, católica fervorosa que em suas orações pede a Deus, melhora para os enfermos e paz para sua casa e familiares.
E como fica o estresse na pandemia?
De bem com a vida, afirma que não tem tempo para pensar em estresse: “O dia só tem 24 horas e preciso dormir. Trabalho na Benê, cuido da casa, faço academia e arrumo tempo para fazer faxina. Assim, nas minhas folgas do trabalho tenho esses dias preenchidos com muitos afazeres. Embora procure não pensar nessa doença que está tirando o sossego do mundo, fui contaminada logo no início da pandemia. Tinha febre e calafrios. No começo, as dores fortíssimas que sentia indicavam ser minha conhecida hernia de disco atacando. Não era, apesar de alguns incrédulos, era covid. Tinha febre e calafrios e testei positivo, mas superei e estou aqui. Não sei se a pandemia aumentou o meu estresse, aliás, nem sei se sou ou se fico estressada. Tudo que sei é que sou agitada, acelerada.
O que me tranquiliza e me revigora?
As boas lembranças de alguns pacientes porque mesmo que nosso contato seja breve, algumas pessoas são marcantes. Alguns chegam a voltar após a recuperação para nos dar um abraço, outros a exemplo de alguns familiares, só querem uma palavra amiga, de incentivo e essa palavra tenho sempre pronta a ser dita.
Sou de bem com a vida e me sinto bem quando levo o paciente de alta até a porta rumo à sua casa, à sua família. Aquele aceno habitual, é para mim, um sinal de desestresse. Quando um paciente sai de alta, ao retornar para o interior do hospital me sinto revigorada.”
Glaucia completou dia 1º de março, 21 anos de trabalho na Beneficência Portuguesa, onde começou na copa do Serviço de Nutrição e Dietética.