Segundo astrólogos, pessoas nascidas em 2 de fevereiro podem personificar muitas das qualidades típicas do grupo social ou nacionalidade da qual se originam. Então, não importa quão extraordinários sejam ou por onde andem, sempre tendem a ficar presos às suas origens culturais, mesmo quando pouco saibam sobre elas.
Evidenciar a diversidade indígena no Brasil é reafirmar nossas origens culturais e a protagonista do Xô estresse de hoje (2 de fevereiro), aquariana obstinada que não desiste de seus objetivos, independentemente dos desafios, é um exemplo de que “quem sai aos seus não degenera”, ditado popular que vai muito além do simples significado que é: “aqueles que seguem os passos e ensinamentos dos seus pais, não se perdem”. Ou seja, quem sai aos seus, mesmo que parentesco distante, os traços, sejam eles tênues ou não, sempre serão revelados.
A capoeirista Selma dos Santos Guimarães, lotada no setor de Faturamento, chegou à Beneficência em 2008, após decidir que queria muito mais que trabalhar como babá (cuidava de duas crianças). Queria trabalhar com computador à época um grande desafio. A então patroa lhe disse que não iria conseguir aprender a usar o equipamento. O desestímulo provocou efeito contrário na neta de índio (avô paterno) nascida em Ipirá, na Bahia. No mesmo dia fez a matrícula em um curso de Computação, na sequência fez secretariado e demitiu-se daquele emprego. Depois de trabalhar em uma importadora, cuja filial brasileira fechou as portas, resolveu fazer o curso de Recepcionista Hospitalar, na Skin Line. No terceiro dia de aula, o professor informou à classe que a Beneficência Portuguesa estava com cinco vagas para estagiários. Era a abertura para a concretização de um sonho que ela havia segredado ao marido: trabalhar naquela casa que conhecia apenas de passar em frente durante suas caminhadas.
“Capoeira reduz o estresse”
O porte físico e a obstinação de Selma, lembram muito as mulheres payayá (os Payayá, povos Indígenas que entre os séculos XVI e XIX dominavam o território vale do Rio Paraguaçu, no Recôncavo Baiano perto de Feira de Santana, cidade próxima a Ipirá onde nasceu Selma. Mulheres altas (Selma mede 1,75), cabelos pesados e escorridos, fortes, determinadas e que, ombro a ombro com os homens da aldeia, iam à luta na defesa de seu território). Isto é apenas uma comparação porque Selma desconhece a etnia indígena de seus ancestrais, mas sua obstinação tem tudo a ver.
“Quando comecei o curso de Recepcionista Hospitalar disse ao meu marido “vou concluir esse curso com êxito pois quero usar aquele uniforme da Beneficência Portuguesa”. Quando o professor anunciou as vagas para estágio na Benê, todas ficaram felizes, porém quando falou que não haveria remuneração, as meninas ficaram caladas. Logo levantei a mão e disse eu vou. Chegando em casa falei para meu marido, e ele me incentivou. Iniciei o estágio no Setor de Faturamento. Acabou o curso e fiz o seguinte, Hotelaria Hospitalar e continuei estagiando na Benê. Um ano de estágio se passou e um anjo (um dos gerentes na época) indicou minha contratação e estou nessa Instituição que amo demais, até hoje graças a Deus”.
Chegou à covid e aumentou o estresse – Casada há 24 anos com um enfermeiro que trabalha em empresa de home care, Selma e ele foram contaminados pela covid-19, mas não necessitaram de internação. Juntos, enfrentaram a quarentena e dela saíram com uma preocupação: “A pouca importância que as pessoas estão dando para a gravidade desse inimigo invisível que é o novo coronavírus, faz aumentar o estresse daqueles que se preocupam em seguir as regras de segurança para evitar a disseminação da doença”.
Ela não esquece aquela que considera a experiência mais assustadora que viveu “É assustadora sentir os sintomas da covid e deitar para tentar dormir na incerteza se vai acordar ou não. Acordar com taquicardia é muito cruel. Disso tudo, a grande lição para mim foi a necessidade de vencer a doença, superar meus medos porque o mais importante: a vida continua e eu quero continuar nela e ela inclui a Beneficência Portuguesa, minha segunda casa”
Selma que rareou a visita aos pais e se policia muito para respeitar os protocolos em prática na Beneficência Portuguesa, se emociona ao falar da falta que sente do abraço acolhedor dos familiares e das colegas de trabalho, especialmente “das meninas da sala com quem trabalho diretamente. Mesmo perto, sinto muitas saudades”
Para desestressar, ela que hoje completa idade nova, joga capoeira e faz crochê.
“Capoeira reduz o estresse e para completar a terapia, além de fazer crochê, anseio por voltar a caminhar na praia, abraçar meus amigos, abraçar a Benê”.
Como os índios payayá, cujos remanescente (cerca de 40 famílias às margens do rio Utinga na Bahia) não desistem do sonho de recuperar seu território de direito, suas tradições, cultura e cidadania, Selma, a protagonista aniversariante, também não desiste dos seus, um deles, casar no religioso e linda em seu vestido branco, parar a Ponte Pênsil (um dos cartões postais de São Vicente) para uma foto. Caminhar até uma das cabeceiras, olhar para trás e descortinar sua trajetória como um grande aprendizado.
Parabéns Selma, que todos os seus sonhos se concretizem!
4 Comments
Ela é tudo isso toda essas descrições, Parceira e amiga, Por ser esse espírito desbravando, Comprava contenda que os não encorajado via nela essa Gana e hoje ela faz filtros diário que juntos fomos aprendendo. Sou Cícero P Silva o guardião dessa joia de Deus. E amo muito com PS.
Selminha é guerreira e tem uma risada contagiante , na verdade uma bela gargalhada, uma amiga que prezo muito e essa mulher trabalha muito, quantas vezes nos anos que passamos aqui na Bene , não a vi sozinha faturando a Unimed e fazia aquelas pilhas em que nem a via.
E a pergunta:- Selma cadê você?
E só se ouvia:- tô aqui Kátita seguido da gargalhada.
Esta é Selma a mulher que gosta dos desafios.
Selma, aniversariante do dia, parabéns. Adorei conhecer um pouco de você e sua forma de mandar o estresse embora. Grata pela oportunidade, pois lendo seu Xô estresse!!! aguçou a curiosidade para pesquisar e conhecer um pouco sobre os povos Payayá. Obrigado e mais uma vez parabéns!!!
Selminha minha irmã de outra vida é uma dádiva ter vc em nossas vidas mulher guerreira forte que n leva desaforo pra casa rsrsrs… ah n leva msm kkk.
Te amo mto sou grata a Deus pela sua vida e por estar junto conosco tendo esse privilégio de ver cada dia sua Vitória. Beijão