É inegável a importância do fisioterapeuta em hospitais, onde assume papel decisivo na recuperação do paciente. Sua ação vai muito além de trabalhar o movimento do corpo humano visando a reabilitação e funcionalidade dos órgãos e outras estruturas do corpo com traumas ou fraturas.
“Além de participar da reversão de quadros graves, o fisioterapeuta hospitalar também atua na prevenção às complicações respiratórias, neurológicas e motoras que podem ocorrer durante o período de internação do paciente, além de acelerar o processo de recuperação necessária para o paciente ter alta hospitalar e fazer com que seu retorno para a residência seja o mais confortável possível” especifica a Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB).
A jovem Thainá Lins de Moraes que integra a equipe de fisioterapeutas da Beneficência Portuguesa, consciente da importância de seu trabalho, seja na enfermaria, emergência ou centro de terapia intensiva (CTI), investe no seu aperfeiçoamento, tendo concluído, recentemente, uma Pós-graduação em Terapia Intensiva. Ela que atende em uma CTI, diz que a exemplo de outros profissionais da saúde não tem como não ser afetada pelo estresse provocado pela pandemia da covid-19.
Acostumada à rotina de Centro de Terapia Intensiva, com pacientes graves com ventilação mecânica, entubados, ou em situação mais amena, mas que necessitam de redobrada atenção, Thainá acreditava que já tinha visto e atendido pessoas em estado muito delicado, mas de repente, uma doença desconhecida alterando a vida das pessoas levando-as às unidades de terapia intensiva, muitas delas em situação de extremo sofrimento e outras indo à óbito.
O impacto foi muito forte.
“Atividade física online”
De repente, a vida da jovem fisioterapeuta Thainá, que um mês após a covid-19 chegar oficialmente a Santos, foi contaminada pelo coronavírus SARS-CoV-2 foi transformada. Antes mesmo de se tornar uma vítima da doença sua rotina já estava alterada. Passeios, praia, caminhadas e academia, foram interrompidas e a rotina passou a ser de casa para o trabalho e vice-versa. Após a quarentena obrigatória devido a covid que a manteve afastada do hospital por alguns dias, a jovem fisioterapeuta que faz atividade física com orientação pela internetpara desestressar, diz que a preocupação agora é maior por não saber se pode contrair a doença outra vez e pelo relaxamento das pessoas com relação às medidas de segurança. Segundo ela, a pandemia é assustadora, mas lhe possibilitou reconhecer a importância do trabalho em equipe.
“Quando a covid-19 chegou a Santos, mais precisamente na Beneficência Portuguesa, o medo de levar o vírus para casa dominava mais que tudo. Os protocolos implantados no hospital, cada vez mais rígidos, davam conta que a situação era muito séria; os protocolos exigiam cada vez mais atenção à higiene e à paramentação. Ficou mais evidente o trabalho da equipe, pois uns se preocupavam com os outros: você fez isso, aquilo, como você está? Todos se ajudavam e se ajudam, mas agora essa ajuda mútua é mais explicita. Peguei covid em abril, fique afastada, isolada em um quarto na minha casa. Tentei tranquilizar os familiares, mostrar que eu estava bem, apenas seguindo as orientações. Felizmente meu quadro foi leve, mas tive muita dor de cabeça. Quando vi que o resultado do exame era positivo bateu aquele medo acompanhado de insegurança … e agora, será que vou transmitir para os meus pais, minha família? O medo eleva o estresse.
Passado o período da quarentena, voltamos à vida, que àquela altura significava sair de casa, apenas para ir trabalhar. Mas era tudo que almejava. Claro que temo ser contaminada novamente, afinal a doença é muito nova e não sabemos ainda como funciona de forma clara, a questão da imunidade. Por isso, os cuidados são os mesmos, talvez até redobrados
Sinto falta de passeios, de praia, caminhar, praticar atividade física na academia. Estou preocupada porque o número de casos da covid voltou a crescer. É preocupante porque muita gente acha que o perigo já passou e aí começou a relaxar. Sempre que posso, alerto, especialmente aos familiares: não relaxem, aguentem firme porque tudo isso vai passar. Aproveitem esse isolamento para curtir, ficar mais tempo com a família, mas não relaxem. O isolamento tende a nos desmotivar, mas procuro desestressar e para isso tenho feito exercícios em casa, acompanhando aulas via internet, mas devo confessar que não é a mesma coisa que ir à academia.
Definida pelos colegas como uma pessoa de poucas palavras, meiga, solícita e que trabalha bem em equipe, Thainá afirma que a pandemia afetou, inclusive, a rotina dos animais de estimação. Ela tem um cachorro, o Lucky (um Shih Tzu), que antes levava pelo menos duas vezes ao dia para passear, agora, somente uma. Com a Covid, a fisioterapeuta teve cancelada uma viagem para Fernando de Noronha, mas quando isso passar quer viajar e retomar tudo que foi interrompido.