Não há dúvidas de que habilidades são como moeda de troca no mundo corporativo. Quanto mais capacidades você tem, mais valoroso é como profissional. E fora do âmbito laboral, no dia a dia, no lar, ao lado de familiares, será que essas habilidades fazem a diferença?
É isso que vamos descobrir no Xô estresse de hoje com a enfermeira Cláudia Valéria Perez Nogueira Hernandes, responsável pela Benep -Terapia Nutricional Enteral e Parenteral da Beneficência Portuguesa.
Sabe aquela pessoa de sorriso aberto, mas contido, acelerada, mas de passos comedidos, elétrica querendo que tudo seja resolvido rapidamente, mas com precisão nos mínimos detalhes? Essa é a enfermeira Cláudia Valéria, cujo sentido de organização é inerente a abundância de metáforas que fazem parte do processo que desenvolveu para desestressar, principalmente nesses tempos de pandemia.
Seria demais esperar que esta libriana movida a interações sociais, adotasse uma única terapia para fugir do estresse. Habilidosa, ela busca o equilíbrio entre trabalho e tempo livre, sempre destacando a importância de atuar com responsabilidade como se a ação praticada fosse a essência da vida.
“Desestresse em retalhos”
Desde sempre, Cláudia pensou em ser enfermeira, porque entende que esse profissional é capaz de promover a transformação na vida das pessoas através da atenção ao ser humano. Antes de assumir a Benep ela atendeu em vários setores do hospital e já enfrentou épocas difíceis como o surto da dengue, quando o Pronto Socorro da Beneficência estava, segundo ela, “… em situação surreal devido à grande demanda”. Mas, nada comparado à situação vivida na pandemia da covid-19 que desde março passado provocou profundas transformações não apenas no ambiente de trabalho, mas no dia a dia das pessoas.
“Em março passado quando começou a explodir a pandemia fiquei com muito medo porque o noticiário já mostrava a triste realidade em outros países. Fiquei apreensiva com o desemprego provocado por uma pandemia, sem contar o medo de a saúde pública do Brasil não ter suporte para enfrentar um flagelo desse porte e a Saúde na região não dar conta do atendimento a todos. Fiquei preocupada de como o hospital iria manter o atendimento com qualidade para os pacientes em geral.
Com o passar dos meses, a região e especialmente, nós, família Benê conseguimos atender a todos que nos procuraram e continuam procurando. E aqui na Beneficência Portuguesa, com atendimento exemplar, ou seja, conseguimos mais uma vez colaborar com a cidade e região no atendimento à população. Conseguimos superar com louvor, essa primeira onda (adoraria que fosse a única) da doença.
Acho que conviver com a covid-19 mudou muita coisa na vida das pessoas, pelo menos das que conheço. Mudaram nossos valores, agora sentimos saudades de tudo o que era antes, quando tudo e todos eram muito próximos. Com o distanciamento como medida de prevenção à covid, voltamos à proximidade maior dentro de casa com as famílias em isolamento.
A pandemia nos forçou a reconhecer a veracidade da máxima: se não aprendemos com amor, aprendemos com a dor; e nos mostrou a importância de estarmos próximos dos que amamos. Mas com o relaxamento, com os dias ensolarados, observamos que as pessoas perderam o medo e o respeito que a doença requer, o que é muito preocupante porque a doença continua fazendo vítimas. Aí, aquele estresse por conta da pandemia aumenta e uma só terapia não basta. Preciso de várias. Por isso coloco em prática, habilidades manuais que aprendi ao longo da vida buscando um ponto de equilíbrio para combater a tensão, a ansiedade.
Combato o estresse fazendo patchwork, trabalhos manuais como crochê, tapetes com fio de nylon, trabalho com papelaria e adesivo e já estou providenciando peças para o Natal, como, capa para cadeiras com capuz de Papai Noel. Adoro trabalhar com decoração de festa! Ah, também gosto muito de fazer bolos enfeitados, trabalhosos. Amo enfeitar bolos porque exige atenção e precisão. Gosto de fazer as coisas e presentear, principalmente aos sobrinhos. É reconfortante demais ver a transformação no rosto das pessoas ao receberem o presentinho. Não há estresse que resista ao olhar de surpresa seguido do sorriso de satisfação. Satisfação que, com certeza, é muito mais minha que da pessoa que recebe”.
Reconhecida pela boa postura, a enfermeira Cláudia Valéria que disfarça muito bem a onda de eletricidade que a conduz, razão pela qual precisa de trabalhos manuais para manter a concentração e desacelerar, a exemplo de n mulheres, mesmo sem saber, figura no universo pesquisado pela mestre em Psicologia, Lydia Nunes Rebouças de Mello, que em 2007, na Universidade Católica de Brasília, em sua dissertação de mestrado, concluiu que o patchwork funciona com uma metáfora da existência humana.
Sob o título “Retalhos d’alma: uma pesquisa-ação sobre as repercussões do trabalho com retalhos no mundo da mulher arte-sã” a tese da psicóloga mostrou que a confecção do patchwork, assim como o arranjo para a composição dos diferentes tecidos e cores, é um importante instrumento para a reorganização do mundo interior de cada mulher. E, Cláudia Valéria, protagonista de hoje, do Xô estresse!!! é a prova de que reunir, organizar e trabalhar fragmentos (retalhos, não apenas tecido, mas materiais diversos, conhecimentos e sentimentos), dando a eles uma feição, uma utilidade, resulta em satisfação plena, renovação de energias, desestresse.
Com o seu “Desestresse em retalhos”, Cláudia, que tem em sua residência, um charmoso cantinho “Xô estresse” (ateliê, especialmente montado pelo marido), responde à pergunta sobre que diferença faz no dia a dia, o fato de uma pessoa desenvolver várias habilidades.
2 Comments
Claudia Valéria, Parabéns muito habilidosa em tudo que executa , tenho muito orgulho. de vc Deus te abençoe.
Nossa um verdadeiro exemplo para nós nos dias de hj pessoas assim que nos fazem refletir e rever alguns conceitos da rotina do trabalho PARABÉNS a todos os envolvidos….