Neste sábado, 17 de outubro, ela completa 17 anos na Beneficência Portuguesa. Um filme sobre sua trajetória no hospital passa por sua cabeça e não tem como impedir que a emoção aflore. Ela lembra de cada detalhe do primeiro dia de trabalho e dos momentos mais marcantes tenham sido eles, alegres ou tristes, as transformações, o amadurecimento da então jovem profissional “estão muito evidentes, parece que foi ontem” aos dias atuais com o mundo mergulhado na pandemia da covid-19.
Estamos falando da enfermeira Janaina do Amaral Venâncio Nunes, do setor de Auditoria, que no distante 17 de outubro de 2003, via concretizado o desejo manifestado ainda criança para sua mãe, de que gostaria de trabalhar naquele local “que não tinha cheiro de hospital e que tinha um jardim com muitas flores”.
Janaina ingressou na Beneficência como auxiliar de enfermagem, depois foi reclassificada como técnica e por último, há 10 anos, como enfermeira. Formada em Enfermagem pela Unip/Santos e com especialização em Enfermagem em Oncologia (Uninove/SP) é movida pela paixão que nutre pela área da saúde e pela profissão. Após atuar como enfermeira nas alas de internação e central de curativos, ao ser transferida para a Oncologia, magnetizada pelo trabalho (desde metodologia a desenvolvimento) no setor foi cursar uma especialização para aperfeiçoar os conhecimentos profissionais.
Hoje, essa taurina que não gosta de deixar a vida correr por acaso, está fazendo MBA em Gestão e Auditoria para maior conhecimento prático e teórico sobre o setor, porque devido a uma enfermidade autoimune foi transferida para o Serviço de Auditoria do hospital.
E quanto a pandemia e ao estresse, o que Janaina, hoje, mãe de um garoto (seu príncipe) de 5 anos, já habituada com os diversos cheiros do hospital, especialmente o de flores, mas nunca de remédio…quase nunca, tem a dizer?
“Conexão com Deus e com os amigos”
Como a maior parte dos nascidos sob o signo de Touro, Janaina é elétrica, intensa, ativa, porém tranquila (procura passar essa impressão) para fazer jus ao contraditório do elemento terra que norteia os taurinos, e muito observadora. A clareza de metas e a persistência que lhe é peculiar falaram mais alto em resposta à sua pergunta interior quando foi transferida para a Auditoria… “O que eu vou fazer nesse setor se eu gosto de auxiliar, de atender e interagir com os pacientes?” Ficou preocupada, mas a resposta lhe veio naturalmente a partir do momento que mergulhou no processo de verificação e análise de ações desenvolvidas no setor e hoje ela não consegue definir se foi conquistada pela auditoria ou se ela conquistou a atividade.
“Totalmente identificada com as atividades da Auditoria, principalmente a partir do momento em que me dei conta que no setor poderia continuar aplicando a habilidade do atendimento, porque o serviço exige assistência total, naturalmente aplicada de forma diferente ao que se faz junto aos pacientes, entendi que a Auditoria, financeiramente é o funil burocrático do processo que leva uma pessoa ao hospital. É o final da engrenagem que envolve as partes. Ou seja, para que tudo funcione de forma correta, a nossa atenção e dedicação têm que ser presentes e completas por todo o tempo que estivermos envolvidos na ação.
Entendi também que nada é por acaso e hoje agradeço à Administração por ter me transferido para um setor à época totalmente alheio ao meu universo da Enfermagem, mas que era o adequado diante do momento difícil de assimilar em que me encontrava, devido ao diagnóstico de uma enfermidade autoimune. Isso foi a uns cinco anos.
Aqui na Beneficência, o tempo passa diferente e agora conversando sobre o estresse provocado pela pandemia da covid-19, aliás um nível de estresse nunca antes sentido, me dou conta que completo 17 anos de trabalho e para qualquer lugar que olho, me vejo ainda menina andando com a minha mãe pelos corredores a caminho da visita ao meu pai internado. Olho para os lados, os mesmos canteiros floridos, tento aspirar o ar de forma mais profunda e nenhum cheiro de remédio, olho adiante e as árvores, as flores lá estão. Um dia eu quero trabalhar aqui, disse à minha mãe. E aqui estou.
Estresse? Como o atual nível que estamos vivendo, nunca senti igual. O maior medo é contrair a doença e contagiar familiares, principalmente meu filho e minha mãe. O estresse aumenta com a ansiedade que toma conta da gente. Nós mães que trabalhamos fora de casa nos preocupamos porque sem aula, com quem deixar os filhos? Graças a Deus o meu vai para a casa da avó, para que eu o pai possamos trabalhar e procuramos nos cercar de todos os cuidados, mas não dá para viver em uma bolha.
A tensão diante da pandemia aumenta quando ouço do meu filho que está com saudades dos coleguinhas da Escola, afinal eles estão juntos desde os 5 meses e nós as mães, além de colegas de trabalho, pertencemos a uma mesma família (a segunda de nossas vidas), a Família Beneficência Portuguesa.
Sem poder viver o nosso normal de antes da pandemia, quando os filhos brincavam com os colegas e quando os amigos podiam se encontrar, o estresse tende a se instalar e para me livrar dele, para mim só há um jeito: estreitar a conexão com Deus e com os amigos. Com Deus, no meu silêncio e em oração e com os amigos através das redes sociais (haja crédito no celular) que uso para passar mensagens, uma palavra amiga sempre baseada em algum versículo e orientação sobre a covid-19 (prevenção)
Manter o bom relacionamento com os amigos, mesmo que à distância, só para que saibam que estou aqui à disposição para ouvi-los é muito importante, e estreitar cada vez mais os laços de profunda amizade com o meu melhor Amigo Deus, que está sempre disponível a me ouvir, é com certeza meu antiestresse”.
17 de outubro é para a enfermeira Janaina do Amaral Venâncio Nunes, uma data muito especial e embora não tenha nos informado, com certeza vai comemorar, mesmo que em silêncio, em uma emocionante conexão com o seu melhor Amigo. Claro que devido a pandemia ela não nos convidou, mas não tem importância porque lá estaremos, afinal seu grande Amigo que é o nosso também, nos representará.
Parabéns Janaina!