Diz o ditado que: se conselho fosse bom, ninguém daria de graça.
Independentemente de conselhos, todos sabemos o que é bom ou ruim para nossas vidas. Quando pedimos conselho é porque precisamos de ajuda para aceitarmos algo ou alguém que ainda não assimilamos muito bem e do qual não sabemos estar certo ou errado.
E quando o conselho é dado espontaneamente? Aconselha o bom senso que cabe a quem ouve, analisar a importância ou não do que foi dito, porque a pessoa que se propõe a aconselhar sabe que corre o risco de magoar e até perder uma amizade.
E foi um conselho, que segundo Alessandra Barros dos Santos, uma das governantas da Beneficência Portuguesa, provocou significativa mudança no rumo de sua vida. Segundo a jovem, seguir um conselho lhe possibilitou a conquista de uma vaga no quadro funcional do hospital.
Alessandra que enfrenta diferentes percalços provocados pelo isolamento social (uma das medidas de contenção da pandemia da covid-19), entre eles o fato de ter um filho de 3 anos em casa, em tempo integral (as atividades na creche foram suspensas); seu marido esteve em quarentena pois foi contaminado pelo novo coronavírus (transmissor da covid-19) e em função disso ela também foi colocada em quarentena. Tudo isso associado ao caos que a pandemia promove na vida das pessoas que são por ela atingidas direta ou indiretamente, como ela mesma diz: “é impossível não ficar estressada”, mesmo com a volta ao trabalho.
“Isolamento é o meu desestresse”
É ela quem nos conta como um conselho mudou sua vida e como busca o isolamento total (ficar sozinha com seus pensamentos) para desestressar, inclusive do isolamento social necessário para evitar maior propagação da pandemia.
Alessandra conheceu a Beneficência Portuguesa por meio de uma empresa terceirizada, então responsável pela higienização do hospital. Integrante da equipe contratada, entre as dependências que limpava, estava a sala do então responsável pelo Serviço de Hotelaria que a aconselhou a estudar visando novos horizontes profissionais.
“Senti naquele conselho um empurrão para realizar o sonho de me tornar funcionária da Beneficência. Enquanto trabalhava na terceirizada fiz curso de Recepção Hospitalar e conquistei uma vaga nesse setor do Hospital, depois passei por outros departamentos até chegar à Governança, repartição que entendo de grande importância no funcionamento da Hotelaria Hospitalar.
Com a pandemia veio o medo. Meu marido testou positivo para covid e fiquei apavorada. Ele ficou isolado em um cômodo da casa e eu fiquei no quarto com meu filho. Fiquei bitolada em limpeza. Sigo à risca todas as recomendações e naturalmente o nível de estresse foi às alturas.
Com o marido curado, entramos de férias e tive mais tempo para me dedicar aos dois (filho e marido). No retorno ao serviço, me sentido revigorada e mais confiante diante das medidas de segurança cada vez mais reforçadas no hospital e com a solidariedade reinante no ambiente de trabalho tento levar uma vida normal, mas é impossível relaxar. Na Beneficência chama atenção a preocupação das chefias e dos colegas. Chega a ser comovente a preocupação para com o próximo, especialmente com colega adoentado. Nunca tinha visto tanta união. Todos sempre se deram bem, mas agora é diferente. É realmente uma grande família.
É difícil relaxar porque apesar de todos os cuidados estamos sujeitos ao contágio do vírus transmissor da covid-19 e quem tem filho como eu, pensa primeiro na sua saúde. Sei que ele, apesar da pouca idade, sente saudades da creche pois sempre fala o nome dos coleguinhas, e para amenizar os efeitos do distanciamento do ambiente da Escolinha a que está acostumado pois frequenta desde os cinco meses, deixo que tome conta da casa com brinquedos espalhados e até o uso do celular com aplicativo de bichinhos que ele já identifica.
Isolamento é meu desestresse. Independentemente do isolamento social para evitar o aumento da covid-19, a forma que encontro para aliviar o estresse provocado pela pandemia é me isolar de tudo e de todos. Tenho meus momentos de desabafo comigo mesma; me tranco, choro. Antes explodia, mas não adiantava muito, pelo contrário, o estresse aumentava e os efeitos da pandemia continuavam, e pior, terminava magoando as pessoas. Mudei de tática e descobri que o isolamento total me desestressa, o que significa que estou aprendendo com meus erros e contra essa descoberta não há estresse que resista. A pandemia continua, mas depois do isolamento total, me sinto melhor, aliviada, desestressada”.
Alessandra Barros dos Santos, que orgulhosamente completa no próximo mês, 11 anos de Beneficência Portuguesa, ama cantar, ato que tal qual o isolamento, lhe proporciona conforto e que independentemente do tom, solta a voz e canta à vontade porque tem, pelo menos, um fã declarado, o marido.
A governanta faz questão de ressaltar a importância da família nesses momentos difíceis. Com a creche fechada entrou em pânico ao pensar com quem deixaria o filho para que ela pudesse voltar ao trabalho. Uma prima a socorreu.
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Bons exemplos merecem ser compartilhados.
Parabéns Alessandra.