Lidar com pessoas é uma de suas características e sua capacidade analítica não fica apenas no campo da teoria. Além do contato com o paciente e seus familiares, sua habilidade de estudar e compreender situações difíceispara sugerir possíveis soluções, tornam o/a assistente social, profissional de estrema importância no ambiente hospitalar.
E a assistente social Rosângela Ferreira Teixeira, há 26 anos na Beneficência Portuguesa, que embora brasileiríssima (nasceu em Santos) tem absoluta certeza de que tem o coração verde/vermelho, bem português, pelo amor que transborda pela Sociedade Portuguesa de Beneficência, é quem nos fala sobre a forma de driblar o estresse nessa pandemia da covid-19.
A formação humanística e comprometida com valores que respeitam as pessoas em suas diferenças sem discriminação de qualquer natureza, fazem de Rosângela, lídima representante destes profissionais que trabalhando com circunstâncias adversas, visam além de estabelecer um contato com o paciente, prestar também um serviço de orientação para os familiares, desenvolvendo um papel humanizador na área hospitalar.
“Desestresso com um toque do celular”
Por lidar com diversos tipos de pessoas em momentos considerados de grande vulnerabilidade por estarem às voltas com problemas de saúde, Rosângela diz que é difícil não ficar estressada porque os problemas são reais e as possíveis soluções nem sempre são assimiladas porque a magnitude de uma situação atinge diferentes níveis nas pessoas envolvidas. Por isso, não tem como não estressar, especialmente numa pandemia. E quando, para a esmagadora maioria das pessoas a chamada do celular às primeiras horas da manhã é motivo de estresse, para a assistente social Rosângela Teixeira significa o toque para o desestresse.
“Como todo mundo que trabalha na área da saúde fico estressada sim, mas olho para dentro de mim e falo com Deus agradecendo por não ter sido contaminada pela covid e por estar trabalhando. Asim que Acordo pela manhã dou de cara com meu neto de quatro patas, o Frederico, um Buldogue Francês, que desde que minha filha foi morar fora do Brasil virou a alegria da casa. Lembro bem que não queríamos animais porque tenho mania de limpeza, mas hoje, meu marido e eu não imaginamos a vida sem o Frederico e ele nos ajuda a amenizar a saudade da minha filha e reduzir o estresse.
Antes da pandemia adorava sair, dar uma volta na praia com o marido e o Frederico, mas não está sendo possível. Então busco aliviar a tensão cozinhando, mas não é suficiente para que eu me distraia e esqueça os dias dificílimos que enfrentamos devido a covid, dias esses que não acabaram, pois a situação se não é tão tensa quanto o início da pandemia, continua existindo.
Com o passar dos meses, percebi que o que realmente me desestressa é uma terapia que já pratico há cinco anos (desde que a filha foi morar no exterior), a vídeochamada de minha filha às primeiras horas da manhã. De seis a dez minutos de conversa com ela, pronto, estou imunizada contra o estresse durante todo o dia. Há tempos fazemos isso, mas só agora percebi a importância dessa chamada, desse toque do celular para o qual me preparo assim que acordo, às 6 horas da manhã.
Ouvir sua voz e saber que ela está bem me mantém serena durante todo o dia, mesmo diante de tristezas que não temos como não presenciar, ouvir e/ou participar em um hospital. E quando, próximo ao final do expediente surge aquela sensação de que o domínio da tensão vai caindo, lembro que ao chegar em casa terei outra razão para não pensar no quanto a covid-19 está afetando a todos nós. Aí entra a participação do Frederico nesse processo de terapia que adotei porque ele não me dá tempo para lembrar que enquanto durar essa pandemia o estresse ronda à nossa volta”.
Rosângela diz que o maior impacto dessa pandemia na sua vida é o isolamento: “As mudanças foram muito bruscas, embora necessária, a começar pelo hospital onde adoro fazer ala (visitar os pacientes na internação). Não poder fazer isso me deixa triste. Converso com familiares, e, sei que as equipes de enfermagem são ótimas e que amenizam muitas situações através de telefone e com vídeochamadas com os familiares, mas para mim, falta o contato. Quando passar a pandemia vou fazer três coisas: primeiro agradecer muito a Deus, visitar os pacientes e depois juntar minha família e comemorar muito, muito”.
Devota de São Judas Tadeu, Rosângela diz que seu local preferido na Beneficência é a Capela Santo Antônio (padroeiro da Instituição), onde se refugia em orações, quando percebe que precisa da paz que o local emana, para refletir, “Nessas ocasiões aproveito para agradecer por estar nessa grande família. Eu já trabalhei em outras hospitais e posso garantir que não tem nada igual. Aqui as pessoas conversam, dos diretores aos funcionários e é esse convívio que faz as pessoas se apaixonarem pelo hospital. Meu coração é verde e vermelho bem português, afinal a Beneficência fundada por portugueses tem uma linda história de solidariedade, de amor ao próximo. Amo a Beneficência Portuguesa sua história, sua missão e esse prédio maravilhoso (Hospital Santo Antônio) onde a Capela é meu refúgio onde peço a Deus que me dê calma até o o toque do celular anunciando minha terapia (videochamada) me despertar na manhã seguinte”.
*O assistente social é um profissional que trabalha com as múltiplas manifestações, atuando nas mais diferentes áreas.
2 Comments
Parabéns Rosangela!!!
Rosângela, pelo seu depoimento não há dúvida que mãe é tudo igual, ou como queiram, todas iguais. Quase..