“A melhor coisa sobre uma fotografia, é que ela não muda mesmo quando as pessoas mudam”
A frase do pintor e cineasta norte-americano Andy Warhol, traduz literalmente o pensamento de Pedro de Medeiros Fortes, porteiro da Beneficência Portuguesa que para fugir do estresse faz da fotografia sua terapia.
Ele que morava na área rural, em Pariquera-Açu no Vale do Ribeira, não se dava conta da beleza natural daquela região, talvez por isso não desse a devida atenção à fotografia. Tudo estava ali ao seu alcance, o colorido da natureza, a sonoridade dos pássaros e quando a noite chega, o silêncio acolhedor e conselheiro.
Mas, a vida é feita de desafios e um desses o trouxe à cidade grande. A busca por emprego, adaptação, outro emprego e a profissão de porteiro em um grande hospital. Quantas histórias, umas tristes, outras com sequências felizes, outras interrompidas, outras ainda por serem concluídas e outras mais para serem ouvidas, e de repente uma pandemia mudando o curso da vida e da história de muita gente, inclusive a do próprio Pedro.
Nunca dantes ele imaginou conhecer o estresse. Mas agora conhece e diz que para se livrar dessa tensão, recorre à fotografia, arte pela qual se apaixonou e à felicidade de ser considerado amigo e até familiar de inúmeros pacientes.
“Desestressar é fotografar a natureza e saudar os pacientes”
Os fatores que impulsionam a saída do campo em direção a cidade são muitos e a oferta de emprego foi o que impulsionou o jovem Pedro de Medeiros a vir para a Santos. Pedro, já adaptado à vida corrida da cidade, no dia 23 de dezembro de 2016, segundo suas palavras, foi agraciado com um presente de Natal, havia sido aprovado no processo seletivo aberto pela Beneficência Portuguesa e começava naquela data, um novo capítulo na história da sua vida.
“Quando fui para a entrevista de emprego, me espantei diante da enormidade do hospital. Ao ser aprovado, a oportunidade de conhecer, mais que isso, de trabalhar num lugar referência na Cidade de Santos e em toda a região. A felicidade era muito grande. Não dormi naquelas primeiras noites.
Aos poucos fui me acostumando, mas a felicidade de trabalhar nesse lugar continua. Na portaria, principalmente horário de visita quando um ou outro parente não poder entrar, ou quando o paciente espera por atendimento na Oncologia onde aprendi a me afeiçoar às pessoas em tratamento, não tem como não participar de suas emoções. Eles nos procuram quando chegam para contar as novidades, principalmente sobre a evolução do tratamento. Participamos dessa alegria, mas, infelizmente, também participamos de suas tristezas. Nessa pandemia a situação não é diferente, mas apareceu o medo estampado no rosto de quem entra e de quem sai do hospital.
Também o medo escondido no nosso coração, afinal nós funcionários não devemos demonstrar em serviço, nossas preocupações, mas como qualquer outra pessoa tememos contrair e/ou passar a doença para nossos familiares.
Eu que já vinha me dedicando ao estudo da Fotografia, arte pela qual me apaixonei, agora faço desse aprendizado uma forma de não deixar o estresse tomar conta dos meus dias.
Quando morava no sítio nem conhecia celular, depois, com esse aparelho nas mãos comecei a buscar detalhes junto à natureza e me encantei ao perceber que os pássaros se deixam fotografar. Ai, quando comprei minha primeira câmera entendi que não basta apertar o botão. É preciso foco e muito mais. Devido à pandemia não posso me refugiar na natureza exuberante da área rural de onde vim, principalmente para fotografar a natureza, mas passei a ver essa possibilidade onde estou, por isso hoje observo os belos jardins da Beneficência com outros olhos. Tenho certeza que natureza e fotografia formam a melhor combinação para acabar com o estresse”.
Pedro gosta de fotografar principalmente a natureza, embora clique tudo que vê pela frente, a rua cheia de gente ou deserta, um lagarto atravessando a pista ou no meio do mato, e não raro faz de seus animais de estimação: gatos, cachorros (todos resgatados de cruéis abandonos), hamsters e incontáveis pássaros soltos na natureza ao redor e no sítio da família, seus modelos mais charmosos.