De acordo com a Associação Internacional de Controle do Stress e da Tensão (entidade norte-americana), o Brasil é o segundo país do mundo com o maior nível de estresse. Isso significa que um número excepcional de pessoas, constantemente tem a sensação de que as 24 horas do dia são insuficientes para a realização de todas as tarefas. E entre elas, as convictas que são aceleradas por natureza. Mas, mesmo para estas pessoas, o estresse provocado pela pandemia da covid-19 extrapola o nível que consideram normal dessa tensão.
Para Fabrício Pereira de Jesus (auxiliar administrativo) lotado no RH – Recursos Humanos da Beneficência Portuguesa, não importa se nasceu ansioso ou foi ficando ao longo da vida. O que importa, segundo suas palavras, é que se acostumou a ser acelerado e em função da pandemia teve que buscar saídas para driblar a tensão extra que percebeu querendo se juntar à inquietação já existente.
“Bom humor e convívio familiar”
Ser uma pessoa acelerada não significa que não tenha tempo para exercitar o bom humor e praticar hábitos que diminuam o ritmo frenético de seus pensamentos e ações. Para Fabrício o que não pode acontecer é deixar para amanhã o que pode ser feito hoje, até porque o amanhã é incerto.
Segundo “Fá do RH” como é tratado por alguns colegas de trabalho, só o tempo nos possibilitará saber o que vai acontecer amanhã “o futuro, só quando ele chegar e que saberemos como será”.
“Sou acelerado por natureza. Vivo ligado nos 220 (wolts), mas procuro não demonstrar. Seja no trabalho ou em casa, acredito que o melhor é concluir o que tem para fazer agora, e nunca deixar para depois, para que tenhamos mais tempo e condições para novas ações.
Acredito que a pandemia aumentou um pouco meu nível de tensão, e eu não senti tanto porque tivemos redução na carga horaria para adequação de horários e normas de distanciamento social. Com isso pude ficar mais tempo com a família, meu porto seguro. Tem duas coisas que me tranquilizam: chegar em casa e ficar com a família e fazer um belo churrasco em companhia dos amigos. Mas com a pandemia, a segunda não pode ser realizada, então amenizo a tensão me entretendo com a esposa e o casal de filhos (uma garota de 10 anos e um rapaz de 19), com jogos de tabuleiro, assistindo filmes e conversando muito.
A pandemia me fez aumentar a atenção com familiares e amigos. Em casa redobramos os cuidados para evitarmos ao máximo o contágio dacovid-19. Um exemplo, ao chegar do trabalho, antes de entrar em casa uso um banheiro que reativamos no fundo da casa, onde me banho e me troco. A roupa até então usada já vai para o tanque. Uma vez dentro de casa só volto à rua no dia seguinte para o trabalho.
Acredito na lei do retorno, baseada na ideia de que tudo o que fazemos tem volta: sejam coisas boas, sejam coisas ruins, por isso me preocupo em passar positividade e bom humor. Acordo muito cedo. Por volta das 4h10, transmito meu BOM DIA, acompanhado de uma frase de incentivo, de reflexão, aos colegas selecionados em um grupo do WhatsApp. É claro que não espero que me respondam, mas muitos tem nessa mensagem, o toque para despertar.
Com bom humor começo o meu dia e logo me ponho a caminho da Beneficência, onde encontro minha outra família, essa formada pelos amigos de trabalho, onde juntos vivemos um aprendizado divertido que é o crescimento como seres humanos. Ativo que sou, torno o convívio com a família e o bom humor, em antídotos contra o estresse acelerado por conta da pandemia”.
Fabrício de Jesus, que completou recentemente, 14 anos de trabalho na Beneficência, onde começou como ajudante de cozinha, passando posteriormente por outros setores, é de opinião que não devemos deixar para amanhã: o sorriso, o abraço, o carinho, o trabalho, o sonho, a solidariedade.