Cozinhas hospitalares são de grande importância para o bom funcionamento de uma unidade desse porte, por que é de conhecimento universal que uma alimentação balanceada, de acordo com a dieta prescrita e até o visual do prato, ajudam na recuperação dos pacientes.
O Serviço de Nutrição e Dietética (SND) da Beneficência Portuguesa é um exemplo dessa realidade. Com uma equipe formada por nutricionistas, cozinheiros, auxiliares e outros. além do Chef de Cozinha, o setor executa uma tarefa complexa, porque diferentes são os pratos e seu preparo, bem como adequação da alimentação às restrições (sal, controle de proteína, carboidratos etc…) e aversões a determinados alimentos por parte dos pacientes. Tem ainda, as diferentes dietas montadas de forma exclusiva.
E nessa pandemia da covid-19 que o mundo se encontra, a exemplo de profissionais de outras áreas, os lotados no SND também sofrem os efeitos e cada um procura uma alternativa, uma terapia para diminuir a tenção e tocar a vida sem permitir que o estresse interfira no trabalho.
E a terapia, quase sempre está ao nosso alcance, atém quando continuamos nos dedicando à mesma atividade laboral foram do ambiente de trabalho, como explica o Chef de Cozinha José Nascimento dos Santos.
“Os clássicos e a natureza, terapia completa”
Ele lida com a cozinha de segunda a segunda, por que mesmo nos dias de folga da Beneficência, arregaça as mangas no comércio da família, onde também se dedica à gastronomia. Ler um bom livro, de preferência os clássicos, literalmente adentrar à natureza e brincar com os seus animais de estimação, para o Chef de Cozinha, José Nascimento é o antídoto para atenuar a tensão provocada pelo temor da covid-19 e de suas consequências, não apenas para si e para família, mas para o País.
Como chefe de cozinha ele tem uma função semelhante a um gerente geral. Só que no funcionamento de uma cozinha. Afinal precisa lidar com a administração da culinária, com a organização da sua equipe e elaborar um cardápio, entre outras funções.
José Nascimento, ou “Zé”, como é carinhosamente chamado no hospital, é formado em Teologia e em Gastronomia, e tem especialização em massas. Ele é o criador do apreciado “Patê de Abril em 3 Tempos” – que representa os três avisos emitidos via Rádio aos portugueses, em 25 de Abril de 1974, deflagrando a Revolução dos Cravos, movimento que marcou o início da Democracia em Portugal, que anualmente é celebrado na Beneficência. E o bolinho de bacalhau à moda do Zé? Verdadeira iguaria, possivelmente a preferida por todos na Beneficência Portuguesa.
“Meu desestresse começa, literalmente, com uma volta pela natureza, pois moro próximo à uma área preservada. Caminhando sozinho com meus pensamentos, naquele silêncio, reorganizo as ideias. Um banho de mar quando parece que a praia é só minha também ajuda. Mas tem duas outras terapias que me tiram de qualquer clima tenso: meus bichos maravilhosos (um Labrador, um gato e um periquito). A presença de um animal ameniza qualquer clima tenso e melhora qualquer ambiente O simples fato de lembrar que meu cachorro pressente a hora que estou chegando em casa e corre para me esperar no portão, já é suficiente para começar a dissipar o estresse do dia que fica sobrecarregado ao embarcarmos em um ônibus com janelas fechadas e lotado após o expediente.
Junte natureza, meus animais e os livros, complemento da minha terapia, cada um a seu tempo… esqueço do mundo. Viajo para outras épocas lendo minhas obras favoritas sobre os grandes filósofos Cícero, Platão, Aristóteles, Sócrates; a história antiga me fascina. Também gosto muito de ciência política e nesse caso destaco Maquiavel, atualizadíssimo e imbatível. Acredito que ler é um ato de grande importância para a aprendizagem do ser humano. Não raro, o livro nos proporciona um grande aprendizado, uma grande viagem ou a terapia necessária para nos livrar do estresse ao preço de uma pizza. Pensem nisso e mandem o estresse embora”.
Em seu depoimento “Zé” falou da preocupação com relação à economia do País afetada pela pandemia e as consequências para a população.