Não há dúvidas de que o novo coronavírus tem provocado mudanças profundas na sociedade e se é verdade que nem tudo será drasticamente transformado, podemos dizer que nada será como antes. Afinal a pandemia que está mexendo com o mundo deixa a maioria estressada, mas também reflexiva.
Os pequenos grandes gestos como um abraço e um aperto de mão, hoje, se não proibidos, não são recomendados como medida de prevenção contra a covid-19, ganharam uma proporção inimaginável. Até mesmo um sorriso está escondido, protegido pela máscara. E como essas pequenas manifestações de afeto, de cordialidade são importantes e estão fazendo falta.
Carmem Aparecida Rocha Lemos, recepcionista da Administração da Beneficência Portuguesa, tem certeza que passada a pandemia, por que ela vai passar com certeza, nada será como antes.
Reservada, Carmem de sorriso fácil, mas contido em meio ao estresse provocado pela pandemia diz que atualmente vive o contraditório desse momento tão difícil com muita gente pessoas precisando se isolar em cumprimento às orientações de prevenção à doença, mas se aglomerando pela sobrevivência no transporte coletivo como acontece com ela.
“Dependendo do humor vou do pop ao louvor”
A impossibilidade do distanciamento aumenta o estresse e a meiga Carmem procura amenizar a ansiedade ouvindo música, cujo gênero varia de acordo com seu humor. Para dissipar o nervosismo a caminho do trabalho, ela ouve música eletrônica ou pop que a anestesia do clima ruim provocado pela lotação do ônibus. Quando, já a pé se aproximando do hospital, relaxa ao som de louvores e encontrou num de seus preferidos “Girassol”, a tradução de tudo que pensa sobre a realidade que vivemos.
“Acho impossível não estressar diante de tudo que estamos vivendo, de tudo que de forma brusca mudou na nossa vida. Não podemos tocar as pessoas, fico a semana inteira longe dos meus pais para protege-los, só os vejo nos fins de semana e com muitas ressalvas. Nem mesmo recebemos ou damos um sorriso de verdade, porque quando o fazemos ele fica escondido pela máscara.
Parece que a pandemia interrompeu até a nossa forma de demonstrar carinho, cordialidade. Na recepção, o bom dia não é mais acompanhado de um sorriso de boas vindas, por que mesmo acontecendo, ele não é visto. Quando estou trabalhando esqueço do estresse porque o ambiente é de muita solidariedade, mas ao final do expediente, o medo, a preocupação com a covid voltam à tona e só mesmo recorrendo ao louvor para desestressar”.
Carmem diz que parte de sua vida foi interrompida se referindo ao estágio como Técnica de Enfermagem e o curso de Socorrista que faz e seu louvor preferido, “Girassol”, interpretado pela cantora gospel Priscilla Alcântara, composição de Whindersson Nunes, que reflete exatamente o que pensa do momento atual
Girassol
Se a vida fosse fácil como a gente quer
Se o futuro a gente pudesse prever
Eu estaria agora tomando um café
Sentado com os amigos em frente à TV
Eu olharia as aves como eu nunca olhei
Daria um abraço apertado em meus avós
Diria eu te amo a quem nunca pensei
Talvez é o que o universo espera de nós
Eu quero ser curado e ajudar curar também
Eu quero ser melhor do que eu nunca fui
Fazer o que eu posso pra me ajudar
Ser justo e paciente como era Jesus
Eu quero dar mais valor até o calor do Sol
Que eu esteja preparado pra quem me conduz
Que eu seja todo dia como um girassol
De costas pro escuro e de frente pra luz