A pandemia do novo coronavírus mudou praticamente tudo no mundo e não seria diferente na rotina das farmácias hospitalares. Aliás, nestes tempos de pandemia, os hospitais são, com certeza, os ambientes mais afetados e as pessoas que neles trabalham vivem a estressante nova rotina.
Como qualquer outro setor hospitalar a farmácia também precisou se adaptar à realidade reinante desde fevereiro passado, devido a Covid-19. Protocolos foram alterados para atender à legislação sanitária e as mudanças sobre prescrição e dispensação de medicamentos impostas pela doença, bem como a corrida para aquisição de medicamento que começaram a rarear, não por falta da matéria prima, mas pela baixa produção (com a Covid os laboratórios afastaram e/ou dispensaram funcionários), sem sombra de dúvidas causam um grande impacto.
Assim, os hospitais também tiveram que alterar seus protocolos para se adequarem à realidade, inclusive com relação à utilização de medicamentos antes não usados nessas unidades como as famosas bombinhas broncodilatadoras (substituindo o processo de inalação – ao fazer inalação, a pessoa elimina mais partículas contaminadas com o vírus que dispersam pelo local) e os fármacos que passaram à lista de controle com retenção da receita, entre outras situações.
Para o coordenador farmacêutico da Beneficência Portuguesa *Nelson Malthez, o novo normal em tempos de pandemia não registra muita alteração na rotina do setor, mas exige o redobrar da atenção, além do, diariamente exigido antes do novo cornavírus. O impacto no setor é fruto do conjunto de situações que estressam a todos sem distinção.
“Assisto vídeos educativos enquanto aguardo abraços”
“Todo nosso cotidiano mudou e no dia a dia da farmácia é visível a tenção em função do medo de contrair a infecção, não importando se no ambiente de trabalho ou fora dele. E esse medo não é simplesmente pelo fato de ser contaminado, mas de contaminar familiares e isso, acredito, acontece no mundo.
Diariamente conversamos sobre a doença. Não tem como evitar, mas a certeza de que o trabalho na Beneficência é de extrema importância na luta contra a covid, faz com que, entregues à faina diária, esqueçamos o medo e nos dediquemos às nossas atividades. Só quando paramos, nos damos conta que o estresse está em nível alto e cada um de nós tem que encontrar uma terapia para manter o equilíbrio e a saúde emocional. A minha terapia é simples.
Para relaxar, nada melhor que o convívio com a família, principalmente com meus filhos. Eu aproveito cada momento brincando, assistindo vídeos educativos ou desenho e vídeogame. O estresse, infelizmente está nos distanciando dos amigos e até dos parentes. Sou uma pessoa afetiva, daquelas que gosta muito de abraçar. Infelizmente não posso fazer isso com as pessoas ao meu redor, muito menos com os familiares que estão distantes, como minha mãe, meu irmão gêmeo e minhas irmãs.
Meu isolamento, fora do trabalho é em casa com a família. Um pouco estressante no começo por causa da rotina das crianças e a falta do lazer (praia, shopping e clubes), mas isso a gente resolve com o tempo, porque nas horas de folga estamos juntos e juntos, mesmo distantes de outros familiares e dos amigos e dos colegas de trabalho afastados do serviço presencial, aguardamos o reencontro com a nossa rotina para com um abraço, gritar XÔ PANDEMIA, XÔ ESTRESSE”.
*O farmacêutico Nelson Malthez tem um método simples de explicar a complicada (para nós, leigos) rotina da farmácia, mesmo com as alterações por conta da pandemia. Complicado mesmo é só o seu nome: Nelson Abraham Mann Metidieri Mendes Cruz Malthez II.