Dando sequência às colocações sobre a importância dos protocolos hospitalar com as enfermeiras Elisete Tavares Carvalho e Juliana de Souza Morado, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da Beneficência Portuguesa, o Diretor Técnico do hospital, Dr. Mario da Costa Cardoso Filho, ressalta a relevância desse instrumento que padroniza as condutas médicas, organizam ações e facilitam a tomada de decisões da gestão hospitalar.
Iniciamos essa postagem com o Diretor Técnico, Dr. Mario Cardoso
Qual a importância do protocolo na conduta hospitalar?
Dr. Mario Cardoso – É claro que é necessário respeitar que a maior responsabilidade de uma prescrição é do médico. E isso é válido a qualquer momento, seja para pacientes com covid-19 ou de qualquer outra enfermidade. Na atual conjuntura, tem gente que sem conhecimento quer prescrever medicamento para tratar de pessoas com o novo coronavírus. Por essa razão, nesse momento é preciso ressaltar a importância do Protocolo que não visa interferir, mas dar ao médico, a concordância da posição de especialistas sobre o assunto porque a posição deles e/ou de uma entidade é um aval àquela conduta. Isso significa que o Protocolo é, na realidade, o instrumento de reforço e reconhecimento da qualidade assertiva de uma conduta médica acertada. Ou seja, o Protocolo norteia os profissionais nas tomadas de decisões para a prevenção, recuperação ou reabilitação da saúde.
Com relação à covid-19, desde o último 11 de fevereiro, seis protocolos já foram implantados na Beneficência. O que provoca essas mudanças?
Dr. Mário Cardoso – Um Protocolo ou qualquer conduta médica não tem a garantia da imutabilidade porque é resultado de pesquisa sobre o que ele norteia. No caso da covid-19, o documento norteador é resultado de estudo de um vírus com mutações. Além disso, ainda não sabemos como essas mudanças alteram a gravidade da doença. Por isso a necessidade de novos protocolos que mudam de acordo com a evolução da doença ou da investigação científica. Nosso Protocolo de coronavírus sofreu alterações também, porque novas substâncias são alvos de estudos por parte da CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
Qual o peso de uma CCIH na conduta hospitalar?
Dr. Mario Cardoso – A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) tem por objetivo desenvolver ações de vigilância, visando a prevenção e o controle das infecções hospitalares. Como gestor hospitalar temos como propósito a melhor qualidade no atendimento, com atenção especial à segurança dos usuários, de pacientes a colaboradores, reduzindo o risco de infecções hospitalares, dando uma atenção especial à assepsia, alvo de contínuo estudo e acompanhamento por parte da CCIH. O objetivo da Comissão, órgão obrigatório em um hospital nos dá a real dimensão do seu peso ou importância para a pautação das ações em uma instituição de saúde.
Implantação de protocolos
Dando continuidade às colocações sobre a importância dos protocolos hospitalar (matéria publicada no último dia 17, neste site), as enfermeiras Elisete Tavares com pós graduação em Controle de Infecção em Saúde e Juliana Morada, pós graduanda em Urgência e Emergência, falam sobre as principais dificuldades para implantação de protocolos.
Como no momento a covid-19 é o centro das atenções devido ao alto grau de contaminação no mundo, focamos a questão dos protocolos relacionados à doença.
Como é implantar um protocolo único para tantas equipes diferentes?
Eliete e Juliana: O enfermeiro tem um papel primordial na identificação precoce de medidas de contenção e preservação da saúde, com inteligência e conhecimento alteram favoravelmente os resultados. Elaboram orientações para sustentação aos cuidados práticos a pacientes com suspeita ou confirmação de Covid, seguindo os protocolos visando controle da disseminação da pandemia. Com isso, possibilitam a realização correta dos procedimentos por todos os colaboradores, proporcionando maior segurança tanto para os pacientes como para os colaboradores.
Quais as possíveis dificuldades para a implantação de protocolos junto às equipes funcionais?
Eliete e Juliana – As alterações, estruturações e adequações realizadas para o atendimento aos casos suspeitos ou confirmados de Covid dependem do esforço permanente e sistematizado de todos colaboradores da Instituição e não apenas da CCIH, isoladamente, pois trata-se de um trabalho difícil que exige a colaboração contínua e eficiente de todos. As dificuldades ficam por conta de fatores como:
-“Fake news”;
– Intervenções de “flexibilidade” como abertura do comércio, escolas, que devem ocorrer em “fases” com base nas condições locais, e as medidas preventivas mais rígidas podem ser recorrentes dependendo da situação epidemiológica local;
– Ausência de vacinas e tratamentos específicos que sejam seguros e eficazes para tratamento da Covid”.
*Encerrando a questão dos protocolos a próxima postagem será com o presidente da Beneficência Portuguesa, Ademir Pestana.