A pandemia da COVID-19 está mudando os hábitos não apenas dos brasileiros, mas de todos os povos por ela alcançados. E entre estas mudanças está a retração na busca pelo atendimento médico hospitalar, o que não é recomendado diante da possibilidade de agravamento do quadro clínico da pessoa que deixa de ter a enfermidade diagnosticada e tratada.
Para o diretor técnico da Beneficência Portuguesa, Mario da Costa Cardoso Filho (foto), é evidente que não se deve correr riscos desnecessários indo a uma unidade de saúde, uma vez que a orientação é ficar em casa, se apropriando do isolamento social como uma das estratégias para conter a disseminação do coronavírus que provocou a doença, que já contabiliza mais de 4 milhões de casos pelo mundo. Mas isso não pode suplantar a importância de emergências que oferecem um maior risco de morte.
“A pandemia é um fato atípico que influencia a comunidade como um todo. Ela se torna mais grave porque é uma enfermidade nova e não temos o domínio (ainda) de técnicas de enfrentamento, mas isso não interfere em nada no atendimento e tratamento à outras patologias. Acontece que a pandemia não faz parar um câncer ou qualquer outra doença. Os hipertensos continuam hipertensos, os diabéticos, os cardíacos, etc… continuam na sua rotina. Da mesma forma, uma criança vai aparecer com uma apendicite, um idoso com fratura, alguém infartando. Por isso, todo aquele que estiver em tratamento, independentemente da patologia não deve e não pode interrompê-lo” afirma o médico.
Clínico geral, Dr. Mario Cardoso aconselha, “se houver uma emergência, não pense duas vezes, busque ajuda no Pronto Socorro e dependendo da situação, no hospital. Afinal, as unidades de saúde aparelhadas e organizadas para atender as pessoas com a Covid-19, continuam preparadas para cuidar de quem têm outros problemas de saúde”.
Continuando, o médico enfatiza que “Os atendimentos são totalmente separados. Acesso, pronto atendimento, acomodação (ala e UTI) totalmente à parte do restante do hospital. Por essa razão as pessoas não precisam temer ao procurar o atendimento médico-hospitalar por patologias outras que não a provocada pelo novo coronavírus”.
PS não é local para consulta – Explica o diretor técnico da Beneficência Portuguesa, que, talvez por uma questão cultural, as pessoas busquem o atendimento no Pronto Socorro (PS) de forma equivocada.
“Essa unidade é para atendimento às emergências. O tratamento da doença eletiva é para ser realizado em ambulatório, no consultório. O equívoco está no fato de as pessoas criarem suas próprias emergências procurando um Pronto Socorro até na busca de um atestado médico. O que vemos hoje é que o medo da Covid-19 (medo do contágio) tem feito com que as pessoas não procurem esse atendimento de forma desnecessária, provocando uma demanda errada, filas e consequentemente, demora prejudicando aqueles que realmente precisam dos cuidados imediatos”.
Sinais de alerta – O médico orienta que o Pronto Socorro deve ser procurado quando a pessoa estiver com uma dor aguda, sinais vitais (pressão arterial e frequência cardíaca) alterados, uma fratura, cortes, apendicite aguda, infecções graves, dispneia, febre intermitente, acidentes de trânsito, entre outros e aqueles que já fazem tratamento, quando apresentarem reação adversa ao seu dia a dia relacionado a patologia.
Com relação aos pacientes da Covid-19, os sinais de alerta para a procura de atendimento médico, amplamente divulgados são:
Sintomas mais comuns:
Sintomas graves:
A Covid-19 afeta pessoas de diferentes maneiras e segundo os médicos, a maioria das pessoas infectadas apresenta sintomas leves a moderados e muitos não precisam ser hospitalizadas. Mas, ao perceber sintomas graves, procure atendimento médico imediato.
*Diretor técnico da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos, Dr. Mario da Costa Cardoso Filho, é um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, da qual é Diretor Secretário; Diretor Executivo da Escola de Clínica Médica (SP); presidiu a Associação Médica Brasileira, a Unimed de Santos e a Associação dos Médicos de Santos.