A inscrição “conhece-te a ti mesmo” que se via na entrada do Oráculo de Delfos, dedicado a Apolo (na mitologia grega, o deus da luz e do sol, da verdade e da profecia), na verdade um enigma e ao mesmo tempo um estimulo na busca do autoconhecimento, inspirou o poeta santista José Martins Fontes a compor uma de suas mais enigmáticas poesias: “Conhece-te a si mesmo”.
Seguindo a filosofia de Sócrates (filósofo e pensador grego) Martins Fontes entendia que “conhecer a si mesmo” ia muito além do autoconhecimento, mas do conhecimento do mundo.
E foi com esse enigma, em forma de poesia apresentada em dueto que reuniu os atores Vanderlei Abrelli e Leo Salles, que “Conhece-te a si mesmo” abriu o Café Poético com Martins Fontes”, na Beneficência Portuguesa, na noite da última quarta-feira (19).
Os atores Leo Salles e Vanderlei Abrelli interpretaram Martins Fontes (respectivamente, criança e adulto) no curta-metragem “Como é bom ser bom” que teve várias cenas ‘rodadas’ na Beneficência Portuguesa.
O tempo foi curto para que poetas, pensadores, escritores, atores e uma plêiade de admiradores do homenageado pudessem declamar suas composições. O presidente da Beneficência Portuguesa, Ademir Pestana, cada vez mais convencido de que a instituição está no caminho certo, ampliando seu leque de atuação, não se restringindo a ação médico-hospitalar, mas dando à pacientes, familiares e visitantes, a oportunidade de vivenciar enquanto permanece ou visita o hospital, momentos de entretenimento, de emoção, através de eventos culturais.
“Homenagear Martins Fontes, especialmente no mês de junho, quando Santos vive a Semana Martins Fontes é o mínimo que podemos fazer pelo Dr. José Martins Fontes que tem na entrada do Hospital Santo Antônio, sua foto ao lado da placa que diz: “Nesta casa, honrando-a, trabalhou como médico, Martins Fontes””.
E foi com o poema “Honra” que Martins Fontes dedicou à primeira maternidade da Beneficência Portuguesa, inaugurada em 12 de abril de 1936, que Ademir Pestana saudou um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Na abertura do evento, um minuto de silêncio em respeito a outro grande santista, o jornalista, crítico de cinema, Rubens Ewald Filho que faleceu neste dia 19 de junho, Dia do Cinema. Internacionalmente aplaudido por seu conhecimento da sétima arte e pela cobertura da maior premiação do cinema, o Oscar, Rubens Ewald Filho, tem sua história, também associada ao poeta Martins Fontes.
No Salão Nobre da Beneficência, em meio ao cenário que reproduzia um canto da enorme sala (construída na edícula no fundo do terreno de sua casa na Rua Joaquim Távora, 268) que Martins Fontes chamava de “Capela” pois era onde se recolhia para estudar e escrever suas poesias até alta madrugada, poetas se revezaram e pequenos detalhes sobre sua vida se sucederam, envolvendo, inclusive alguns presentes, cujas histórias de vida de alguma forma estiveram ligadas à do homenageado.
Entre os presentes, além de Ademir Pestana, os diretores Carlos Alberto Limas e Maria de Lourdes Santos, também o diretor técnico Mário da Costa Cardoso Filho, conselheiros e outros associados da Beneficência; poetas juramentados, principiantes e ocasionais de Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão e da capital paulista e parte do elenco do filme “Como é bom se bom” do cineasta Carlos Oliveira.
E foi do cineasta Carlos Oliveira, a surpresa da noite, um vídeo inédito com entrevista da dama santista Edith Pires Gonçalves Dias, poetisa e escritora falando sobre a convivência com Martins Fontes, médico de sua família e com Rosa Marques de Moraes, o grande amor do poeta.
José Martins Fontes nasceu em Santos em 23 de junho de 1884 e morreu em 25 de junho de 1937 na Beneficência Portuguesa. (Fotos: SPB)
Confira as fotos do evento: