Sempre em busca de novos caminhos para ampliar e aperfeiçoar o atendimento médico hospitalar da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos, sua diretoria, com diferentes parcerias, fechou um leque de atividades visando oferecer aos pacientes internados nos hospitais da instituição: Santo Antônio e Santa Clara, uma série de ações para que sua passagem pela instituição seja a mais produtiva possível, à recuperação de sua saúde. Após muito planejamento foi aprovado o Projeto Social de Humanização envolvendo funcionários e voluntários com o objetivo de propiciar aos pacientes e usuários de diversos serviços disponíveis, um atendimento mais acolhedor.
Ademir Pestana, presidente da Beneficência discorreu sobre a primeira fase do programa, considerando que a proposta tem se apresentado como uma aliada junto aos diversos tratamentos aplicados para a melhoria da saúde física e também psicológica dos pacientes. “Hoje não basta estarmos equipados com tecnologia de ponta e contarmos com profissionais especializados. Precisamos nos equipar com um componente que sempre esteve presente no nosso dia a dia, mas hoje se faz mais que necessário e em dose sempre maior: amor aos nossos pacientes, amor àquilo que fazemos e nos sentimos honrados contar com parceiros que têm e sabem lidar e transmitir esse componente. Por isso agradecemos a ONG Cão Amor, à bailarina Isabela Procópio, ao flautista Daniel Ribeiro, a ONG Tchau Dodói e à Spectra Filmes. Todos eles especialistas no que fazem, colaboram para a evolução do atendimento médico hospitalar da Beneficência em benefício dos pacientes”.
Enquanto o presidente fazia sua breve explanação, pois considerou a exposição das ações dos parceiros mais importante, estes foram, um a um, adentrando ao Salão Nobre onde ocorria a entrevista coletiva, numa ação sincronizada para que os presentes pudessem assimilar a grandiosidade e a importância do trabalho dos voluntários. Primeiro entraram os representantes da “Tchau Dodói” que, com alegria e irreverência evidenciou o objetivo do grupo; na sequência, entrou o jovem flautista Daniel Ribeiro, tocando “Carinhoso”, e quase que simultaneamente, a bailarina Isabela Procópio, ‘verbalizando’ na ponta das sapatilhas, a canção imortal de Pixinguinha, magistralmente executada pelo músico. Por fim, o ator Vanderlei Abrelli (representando a Spectra Filmes), caracterizado de Martins Fontes, médico e poeta que trabalhou na Beneficência e pontuou seu nome na história da Cidade. Quando estes chegaram, lá já estavam as representantes da ONG Cão Amor, responsáveis pela implantação da pet terapia na Beneficência e pela palestra que antecedeu a apresentação do projeto.
Palestra – Não faltou emoção na apresentação oficial do Projeto Social de Humanização da Beneficência Portuguesa, precedida de palestra sobre “Pet terapia” realizada pela psicóloga Kelly Sant’Ana, da ONG Cão Amor. Acompanhada da colega Mariana Fernandes, e da Aisha, uma cadela da raça Golden Retriever, integrante da equipe de pet terapia que atuará na Beneficência, a psicóloga falou sobre o objetivo da ONG e os já comprovados benefícios da visita de cães a crianças e adultos internados. Orientou sobre como as equipes dos hospitais (médicos, enfermagem e outros) devem tratar o cão durante o encontro com os pacientes e explanou sobre o trabalho desenvolvido junto aos cães que participam do projeto, antes da chegada ao hospital. Durante a palestra, a psicóloga Kelly dividia as atenções da plateia com Aisha, cujo comportamento dócil e de grande receptividade aos carinhos que lhe eram destinados, foi bastante requisitada. Durante a fase experimental da pet terapia na Beneficência, Aisha e Jade (outra golden) da ‘Cão Amor’ fizeram a alegria de pacientes e funcionários.
Emoção – O presidente Ademir Pestana disse que a presença de um cão muda todo o ambiente. “Quem está internado sente falta de seu canto, principalmente de seu animal de estimação, que nós sabemos tem peso muito grande no emocional das pessoas. A visita de um cão é sempre de conforto e carinho, e isso já é comprovado que ajuda as pessoas a superarem obstáculos”.
Visivelmente emocionado o diretor técnico da Beneficência, Mario da Costa Cardoso Filho, falou sobre os resultados positivos da pet terapia não apenas para pacientes mas para todos os envolvidos no atendimento médico-hospitalar. “Esses seres (animais) têm a capacidade que nós médicos, seres humanos não temos, mesmo aqueles cuja capacidade profissional extrapola o conhecimento, para ouvir e acalmar. Hoje não há como abrir mão do trabalho traduzido em carinho desses cães e a presença deles aqui na Beneficência, já se torna uma necessidade, aliando conhecimento não apenas para o tratamento físico, mas também emocional”
A gerente de Enfermagem, Adriana Ferreira, fez um relato da primeira visita dos cães ao Hospital Santo Antônio, citando dois casos em que os animais foram capazes de confortar aos que no desalento da dor ou da desesperança, se fecharam no sofrimento : “Um deles, um paciente que não se comunicava, não esboçava reação, se manifestou através das mãos no afago ao animal e outro, uma paciente que abriu os olhos pela primeira desde que fora internada”.
O projeto – Desenvolvido por funcionários de diferentes setores com parceiros (ONGs e particulares) voluntários que através do trabalho gratuito procuram levar alegria a quem se encontra nos hospitais Santo Antônio e Santa Clara, o Projeto Social de Humanização, tem por objetivo tornar a passagem (internação, consulta, realização de exames) das pessoas pela instituição, a mais amena e satisfatória possível, auxiliando-as a amenizar a tensão, a dor, a angústia e incentivá-las a ver, apesar das circunstâncias, a beleza à sua volta e que inúmeras outras pessoas buscam a cada instante, vencer barreiras, inclusive e principalmente, dificuldades físicas.
Com a supervisão da Diretoria Executiva da Beneficência, o projeto com várias vertentes compreende diferentes ações, desde pet terapia à música, passando pelo balé, leitura, poesia, etc… Na segunda etapa do projeto serão incluídas as atividades de leitura e poesia para pacientes. Paralelamente às essas atividades o projeto prevê e já está em fase experimental, a vertente destinada aos funcionários que engloba aprimoramento, cultura, memória do trabalho e preservação do patrimônio histórico do hospital.
Sobre os parceiros
“Música na tarde” – Com Daniel Ribeiro (16 anos), flautista, que se apresenta às sextas-feiras a partir das 15h, nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) da Beneficência Portuguesa de Santos. Iniciou estudos de flauta aos sete anos e atualmente cursa o 5º ano do Curso de Flauta da Escola de Música de São Paulo e já se apresentou em vários palcos de São Paulo, entre eles Theatro São Pedro, Theatro Municipal de São Paulo, MASP, Auditório Ibirapuera e Galeria Olido, com participação em eventos também em Minas Gerais e Paraná, além de vários eventos na Baixada Santista.
Para aprimorar sua técnica, participou de audiências com renomados flautistas, entre eles, a inglesa Rachel Brown, do Royal College of Música (Londres/Inglaterra), José Ananias (OSESP), Celina Chalier, de Abu Dhabi (Emirados Árabes) e Denis Almeida (Kentycky/EUA). Concertista em vários festivais, Daniel, natural de Itanhaém, onde reside, tem repertório variado, de MPB a Beatles, passando pela música erudita e clássica. O sonho do jovem flautista é integrar uma grande orquestra.
“Tutu e sapatilhas” – A bailarina clássica Isabela Leite Procópio, formada pelo Studio de Balé Juliana Maciel – SP, conseguiu no voluntariado junto à Beneficência Portuguesa, realizar o sonho de criança: usar a dança como terapia para si e para outros levando entretenimento e alegria, às pessoas acamadas. Há dois anos desde que mudou para Santos, trabalhava a ideia de se apresentar no hospital, especialmente nos setores de Quimioterapia e Radioterapia. “Muitos são os internos ou usuários de tratamentos que não recebem visitas ou que não estão acompanhados de um parente, e nossa participação preenche, mesmo que por curto tempo, o vazio, a solidão e espanta os pensamentos tristes. Esse tipo de público é que mais me toca porque é diferente, se encanta e relaxa. Essa é a grande valorização do nosso trabalho”.
Pet terapia – Desenvolvida pelos animais e adestradores especializados em comportamento animal da Cão Amor, entidade criada e mantida por particulares com o objetivo de auxiliar aos necessitados de recuperação física, mental ou emocional, através de visitas em hospitais, orfanatos e asilos utilizando o sistema AAA (Atividade Assistida por Animais) e TAA (Terapia Assistida por Animais).
As visitas periódicas de aproximadamente 1 hora das equipes da Cão Amor, são antecedidas por um longo trabalho que envolve os animais, proprietários, adestradores e também uma psicóloga. Todo o preparo do cão para a função é cercado de cuidados que começa pela escolha do animal que precisa ter o perfil adequado, depois adestramento específico e estar com a saúde perfeita, vacinação em dia, avaliação veterinária, vermifugação, banho um dia antes da visita e higienização antes de entrar nas alas. Ressalta a pedagoga Denise Ravina Calazans, presidente da Cão Amor, que os cuidados tanto para com os cães bem como para com os pacientes e às pessoas à sua volta, são essenciais. Na região, a ONG Cão Amor, já desenvolve o projeto de Terapia Assistida por Animais (TTA), no Hospital Municipal Irmã Dulce, em Praia Grande. A Beneficência Portuguesa de Santos é o primeiro hospital filantrópico assistido pela ONG.
“Tchau Dodói” – Formada por profissionais das mais diferentes áreas, a ONG “Tchau Dodói” tem por objetivo promover a humanização do ambiente hospitalar utilizando a figura lúdica do palhaço, para levar alegria e conforto às pessoas, especialmente às acamadas e seus familiares.
Criada há dois anos, a ONG formada surgiu da união de alguns voluntários que participavam de projetos semelhantes. Estruturados, começaram por vencer os desafios, iniciando pela agenda de cada participante (atualmente mais de vinte palhaços de hospitais estão em ação e outros ainda em fase de estágio), porque todos têm vida profissional em paralelo.
O publicitário Dario Corralero Silva, presidente da “Tchau Dodói” e os colegas encaram os desafios como estímulo para a criação das histórias que contam, brincadeiras que entabulam e as músicas que criam, para junto aos pacientes, tirarem dos pacientes, sorrisos e/ou expressões demonstrando que a alegria é um poderoso medicamento no auxílio contra a dor e a tristeza.
Martins Fontes – Uma das vertentes do Projeto Social de Humanização da Beneficência Portuguesa é a preservação da história da instituição, fundada em 21 de agosto de 1859 e dos homens e mulheres que contribuíram para com sua existência. Além do acervo que inclui uma variedade de componentes (móveis, livros, inclusive o de Visitas Especiais inaugurado Diretoria Executiva da Beneficência por D. Pedro II, o Imperador do Brasil, em agosto de 1875, telas, objetos, imagens, etc…), a memória de grandes vultos que honraram essa casa com seu trabalho. Um deles, o médico e poeta Martins Fontes que terá cenas do filme “Como é bom ser bom” rodadas na Beneficência a partir do próximo mês de março pela Spectra Filmes, parceira da instituição na pesquisa e no trabalho relacionado a Martins Fontes.
Há dois anos a Beneficência e a Spectra Filmes, presidida pelo produtor de vídeo e cineasta Carlos Oliveira, são parceiras nas atividades relacionadas à preservação da memória e história do médico Martins Fontes, representado pelo ator Vanderlei Abrelli, considerado pela maioria das pessoas, verdadeiro sósia do famoso médico.
Crédito:Carlos Oliveira e SBP