De acordo com o dicionário Aurélio, “anestesista seria o técnico de enfermagem treinado para ministrar anestésicos sob supervisão de um anestesiologista. Então, o mais apropriado é chamar de anestesiologista o profissional dessa especialidade“.
Essa introdução com citação do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa tem por objetivo situar o leitor para a importância do anestesiologista, na carreira da Medicina, sempre em busca de novas drogas e tecnologias para amenizar o sofrimento físico. A anestesiologista é responsável pelo bloqueio ou remoção temporária da sensibilidade de pacientes a serem submetidos a cirurgias e outros procedimentos.
Dr. Flávio De Angelis, chefe do Serviço de Anestesiologia da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos, um apaixonado convicto pela técnica, fala da importância da anestesia e da responsabilidade do profissional, figura tão importante quanto a do responsável pelo procedimento médico, seja ele uma cirurgia, independentemente do grau de gravidade, um exame ou outro ato que exija sedação.
“Anestesia é um estado farmacologicamente induzido para a perda de sensibilidade, de reflexos. É o meio para a execução de procedimentos cirúrgicos, para minimizar a dor, ou seja, visa o bem estar do paciente E o anestesiologista é o grande responsável pela estabilidade do paciente, agindo no controle da manutenção do seu inconsciente. A anestesia tem que deixar o paciente em total analgesia (ausência de dor) ou em apenas parte do corpo e findo o procedimento, sua recuperação do estado de torpor sem que seu corpo e mente apresentem qualquer alteração que coloque sua vida em risco” explica Dr. De Angelis, ressaltando que a responsabilidade pelo controle das funções vitais do paciente, como respiração, temperatura, hidratação, pressão arterial e os batimentos cardíacos representa um desafio de grande responsabilidade.
Paixão 1 – Pouco aparece, seja para pacientes e/ou familiares, mas o anestesiologista, chamado por alguns de anjo da guarda do paciente na sala de cirurgia, ainda se mantém praticamente no anonimato, falando ao paciente, apenas na entrevista que antecipa procedimento que requer a anestesia que pode ser geral, regional (parte do corpo), sedação ou local, de acordo com diversos aspetos relativos ao paciente e ao tipo de cirurgia a que será submetido e quando termina o efeito do farmacológico aplicado.
“O conceito de isolamento do anestesiologista está mudando, pois hoje ele não é solicitado apenas em salas de cirurgia, mas também para inúmeros outros procedimentos fora do centro cirúrgico e isso é muito importante, até para tranquilizar pacientes e parentes sobre o tipo de anestesia a ser utilizada e da segurança com recursos tecnológicos auxiliando o profissional e o paciente. O anestesiologista é o parceiro do cirurgião para o bem estar do paciente” diz De Angelis, que se apaixonou pela anestesia ao descobrir sua importância para a Medicina e por não entender porque sempre foi tratada como especialidade um tanto quanto escondida.
No início do curso de Medicina na Fundação Lusíada, em Santos, Flávio De Angelis, natural de São Roque, interior de São Paulo teve sua atenção despertada para a especialidade porque muito pouco dela se falava nas aulas. “A anestesia passava despercebida em sala de aula e quando de forma acanhada, passamos a estudá-la, me apaixonei por ela e desde então continuo batendo na tecla de que as faculdades de Medicina dão pouca relevância à especialidade, imprescindível para inúmeros procedimentos médicos, até porque ela está intimamente ligada à estrutura hospitalar. Para ser um anestesiologista é um caminho árduo, mas muito interessante, pois não existe rotina na sua aplicação e nem finalização de conhecimento. É um aprendizado constante, pois cada caso a ser estudado e concretizado é único. Por mais parecidos que sejam os procedimentos, cada um deles lhe oferece um universo diferente”.
Aos 43 anos a serem completados no próximo mês (novembro), o médico De Angelis lembra de como se apaixonou pela anestesia. Foi durante uma aula quando o professor falou sobre a responsabilidade depositada nas mãos do anestesiologista de alterar os sentidos com o controle de medicações, implicando no necessário conhecimento e controle de doses de farmacológicos de acordo com o paciente e tipo de procedimento pelo qual passará, e ainda, fazê-lo (o paciente) voltar ao estado real após a intervenção do cirurgião.
“Entendi naquele momento que esse era o grande desafio de minha vida e era isso que eu queria para minha vida profissional. A partir daí me preparei para a árdua caminhada, mas que é quase rotina para os profissionais da Medicina: 6 anos de curso, mais 3 anos de estudo da especialidade anestesiologia, mais 2 anos na especialidade UTI. Foram 11 anos de dedicação com grande parte desse tempo dividido em estudos e plantões. E a necessidade de atualização não cessa. É preciso aperfeiçoamento constante, mas vale muito a pena”.
Paixão 2 – Flávio De Angelis é um homem de muitas paixões, todas confessáveis, garante, e uma delas, a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos, onde trabalha desde 1977, quando se formou. Começou como clínico geral no PS, em 2000 se afasta por 4 anos para se especializar em anestesia e passa a trabalhar na UTI da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Em 2006 volta à Beneficência de Santos para integrar a equipe de anestesiologistas do Dr. Sandro Dainez e em 2010 assume o Serviço de Anestesiologia da Instituição. De Angelis, é também diretor clínico da Beneficência, eleito para o cargo no ano passado (2014).
“Amo a Beneficência Portuguesa de Santos, meu primeiro emprego real como médico. Me apaixonei por ela logo que aqui entrei, ainda na época da Faculdade na. O prédio histórico da Beneficência e sua história para salvar vidas, numa época distante e sem recursos (século XIX), que eram ceifadas pelas epidemias, sempre me fascinou e quando aqui entrei, a paixão já estava consolidada”.
Mais paixões – Como dissemos acima, Dr. Flávio De Angelis é um homem movido a paixões, a saber: além da anestesia e da Beneficência, a família (esposa e uma filha) e seus cinco cães: Bia, Bruna, Baby, Baduke e Bebê, que tomam toda sua atenção nos momentos de folga.
Suas paixões não estão relacionadas necessariamente na ordem que apresentamos. Iniciamos com a Anestesiologia para cumprimentá-lo e a todos os profissionais da área, porque nesta sexta-feira (16 de outubro) comemora-se o Dia do Anestesiologista.
Parabéns!