*Regina Dias
“Sangue” é uma palavra de origem latina – sanguen – com forte sentido cultural e cristão. Está presente na literatura, nas artes, assim como nas ciências, mais especificamente quando estudado biologicamente. Enquanto o coração simboliza o amor romântico, o sangue traduz emoções fortes, ardentes, arrebatadoras e até impetuosas.
Na cultura brasileira a palavra “sangue” mostra diversos significados como “suor e sangue” no sentido de trabalho em excesso; “subir o sangue a cabeça”, com significado de ficar enfurecido: “ter o sangue quente”, com o mesmo sentido de “ter sangue nas veias” indicando ser genioso e irritadiço. De todos esses sentidos, sangue significa cultura, existência, família e etnia.
Desde o início da humanidade a história do sangue está ligada ao significado de “VIDA”. Na antiguidade os povos primitivos untavam-se, banhavam-se, bebiam sangue de jovens e corajosos guerreiros na expectativa de adquirir suas qualidades, pois o sangue era conhecido como fluido vital que além de vida proporcionava juventude. Hoje o sangue é transfundido como uma das formas de preservar a vida humana.
As transfusões de sangue salvam milhares de pessoas todos os dias, somente porque existem pessoas que estendem o braço com um gesto de amor. Mas para que vidas sejam salvas é necessário um doador. A doação de sangue é uma prática que ainda enfrenta preconceitos e superstições geradas pela falta de informação. Isso significa que a grande maioria ainda precisa ser despertada para ação de doar sangue, com consciência.
A doação de sangue consiste em um conjunto de ações planejas para assegurar que, com o doador de sangue com um perfil adequado, possa-se manter um estoque regular para suprir demandas específicas de hemocomponentes e ainda atender a demandas extras que surgem na rotina hemoterápica (cirurgias de emergência, etc…). A doação de forma responsável e dentro dos padrões recomendados é um procedimento seguro para a saúde do doador, ou seja, o candidato à doação não corre qualquer risco.
Com toda a evolução científica e tecnológica, ainda há muito a pesquisar. Apesar dos investimentos na busca de um substituto para o sangue, ainda não existe um elemento que o substitua totalmente. Diante desta realidade, a reposição de sangue e componentes em pacientes (diversas patologias) ou vítimas de traumas de qualquer etiologia, persiste como um dos principais fatores para a preservação da vida.
Muitas pessoas não doam sangue por medo do desconhecido ou por medo da dor no momento da punção no ato da doação.
Para o profissional da área o que dói não é a ‘picada de agulha’ no doar sangue e sim ver alguém morrer por falta dele, o sangue, líquido precioso e insubstituível.
A doação de sangue, ato solidário à manutenção da vida, constitui um desafio a cada cidadão, sobretudo aos bancos de sangue, especialmente aos profissionais, a quem cabe esclarecer e realizar a capacitação contínua de doadores.
A seleção de doadores de sangue apresenta etapas que tentam, na medida do possível, determinar se o indivíduo está em boas condições de saúde, livre de doenças que possam ser transmitidas pelo sangue doado e se ele é capaz de tolerar o procedimento sem complicações, visando portanto, proteger os doadores e os receptores da transfusão.
*Regina Aparecida Pereira Moraes Dias (foto) – uma das organizadoras da **Jornada de Hemoterapia e Hematologia da Sociedade Portuguesa de Beneficência/Santos é enfermeira hemoterapeuta, pós-graduada em UTI e docente em Enfermagem.
** A V Jornada de Hemoterapia e Hematologia da Sociedade Portuguesa de Beneficência será realizada na quinta-feira (9 de outubro), das 8h30 às 13h, no Salão Nobre da instituição (Av. Bernardino de Campos, 47, Vila Belmiro-Santos).
– Artigo publicado na edição de 26 de setembro/2014 – página 2 do Jornal A Tribuna